terça-feira, 5 de março de 2013

Espiritualista ou Religioso?



Numa palestra, perguntaram ao Dalai Lama o que era espiritualidade. Ele respondeu:

"É aquilo que transforma o teu interior. A religião pode nos passar espiritualidade, mas se não nos transformar interiormente, não faz o menor sentido".

Noutra ocasião, o Dalai Lama afirmou:

"Eu às vezes digo que a religião é algo de que talvez possamos prescindir. Aquilo de que não podemos prescindir é das qualidades espirituais básicas."

Uma pessoa pode ser espiritualista e não estar, necessariamente, ligada a alguma religião.

Frei Betto diz: 

"As religiões, em princípio, deveriam ser fontes e expressões de espiritualidades. Nem sempre isso ocorre. Em geral, a religião se apresenta como um catálogo de regras, crenças e proibições, enquanto a espiritualidade é livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da autoridade religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o 'toque' divino".

"Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião nutre o ego, pois uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem."

Eu, particularmente, acredito numa espiritualidade que nos permita reverenciar e respeitar todas as religiões. Acho que a verdadeira espiritualidade está bem distante do fanatismo praticado por muitas correntes religiosas. Creio numa era de paz em que teremos todos uma única religião, a do amor; sem necessidade de dogmas, preceitos, normas; sem necessidade de templos e igrejas, pois a natureza é o maior templo e o mais sagrado deles.


“Há uma só religião, a religião do Amor; há uma só casta, a casta da humanidade; há uma só linguagem, a linguagem do coração; há um só Deus, e Ele é Onipresente”, diz Sathya Sai Baba, Sad Guru ecumênico, que incluiu na logomarca da sua organização o símbolo das grandes religiões. 

A matéria a seguir merece ser lida. Foi publicada no Diário da Saúde do dia 1º.03.2013 (www.diariodasaúde.com.br):

Espiritualistas e religiosos assumem posições políticas diferentes

Quando os campos do humano e do divino se cruzam, espiritualidade e religião são termos tão distintos quanto progressistas e conservadores.
Um novo estudo mostra que a forma de encarar o "mundo de Deus" determina como as pessoas agem em relação ao "mundo dos homens".
"Há grande sobreposição entre as crenças religiosas e as orientações políticas," explica Jordan Peterson, da Universidade de Toronto (Canadá).
"Descobrimos que as pessoas religiosas tendem a ser mais conservadoras, e as pessoas espirituais tendem a ser mais progressistas," diz ele.
"Enquanto a religiosidade é caracterizada por devoção a uma tradição específica, a um conjunto de princípios, ou código de conduta, a espiritualidade está associada com a experiência direta de autotranscendência e a sensação de que estamos todos conectados," esclarece Jacob Hirsh, principal autor do estudo.

Mentalidade inclusiva e igualitária

Para confirmar a relação entre crenças e orientações políticas, os pesquisadores fizeram com que voluntários, tanto religiosos, quanto espiritualistas, participassem de uma sessão de meditação transcendental, uma prática tipicamente espiritualista.
Após a prática, todos foram submetidos a testes para aferir suas atitudes políticas em relação a temas controversos.
"Induzir uma experiência espiritual através de um exercício orientado de meditação levou tanto progressistas quanto conservadores a apoiarem atitudes políticas mais progressistas," afirmam os autores.
"As experiências espirituais parecem fazer as pessoas se sentirem mais em uma conexão umas com as outras," analisa Hirsh.
"As fronteiras que normalmente mantemos entre nós mesmos e o mundo tendem a se dissolver durante as experiências espirituais. Estes sentimentos de autotranscendência tornam mais fácil reconhecer que todos nós fazemos parte do mesmo sistema, o que estimula uma mentalidade inclusiva e igualitária," acrescentou.

Equilíbrio necessário

Os pesquisadores esperam que essas descobertas não apenas aprofundem nossa compreensão da espiritualidade, mas também possam ajudar no diálogo político no futuro.
"A parte conservadora da crença religiosa tem desempenhado um papel importante na coesão das culturas e no estabelecimento de regras comuns. A parte espiritual, por outro lado, ajuda a renovar as culturas, adaptando-as a novas circunstâncias," analisa Peterson.
"Tanto direita quanto esquerda são necessárias. Não é que qualquer uma delas seja a correta, é que o diálogo entre elas produz a melhor probabilidade que temos de conseguir o equilíbrio adequado. Se as pessoas pudessem compreender que ambos os lados têm um papel importante a desempenhar na sociedade, seria possível eliminar um pouco da tensão desnecessária [entre os dois campos]," concluiu.

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