Numa palestra, perguntaram ao Dalai Lama o que era
espiritualidade. Ele respondeu:
"É aquilo que transforma o teu interior. A religião pode nos passar espiritualidade, mas se não nos transformar interiormente, não faz o menor sentido".
Noutra ocasião, o Dalai Lama afirmou:
"Eu às vezes digo que a religião é algo de que talvez
possamos prescindir. Aquilo de que não podemos prescindir é das qualidades
espirituais básicas."
Uma pessoa pode ser espiritualista e não estar, necessariamente, ligada a alguma religião.
Frei Betto diz:
"As religiões, em princípio, deveriam ser fontes e
expressões de espiritualidades. Nem sempre isso ocorre. Em geral, a religião se
apresenta como um catálogo de regras, crenças e proibições, enquanto a
espiritualidade é livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da
autoridade religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o 'toque' divino".
"Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião nutre o ego, pois uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem."
Eu, particularmente, acredito numa espiritualidade que nos permita reverenciar e respeitar todas as religiões. Acho que a verdadeira espiritualidade está bem distante do fanatismo praticado por muitas correntes religiosas. Creio numa era de paz em que teremos todos uma única religião, a do amor; sem necessidade de dogmas, preceitos, normas; sem necessidade de templos e igrejas, pois a natureza é o maior templo e o mais sagrado deles.
A matéria a seguir merece ser lida. Foi publicada no Diário da Saúde do dia 1º.03.2013 (www.diariodasaúde.com.br):
Espiritualistas e religiosos assumem posições políticas
diferentes
Quando os campos do humano e do divino se cruzam,
espiritualidade e religião são termos tão distintos quanto progressistas e
conservadores.
Um novo estudo mostra que a forma de encarar o
"mundo de Deus" determina como as pessoas agem em relação ao
"mundo dos homens".
"Há grande sobreposição entre as crenças religiosas
e as orientações políticas," explica Jordan Peterson, da Universidade de
Toronto (Canadá).
"Descobrimos que as pessoas religiosas tendem a ser
mais conservadoras, e as pessoas espirituais tendem a ser mais
progressistas," diz ele.
"Enquanto a religiosidade é caracterizada por
devoção a uma tradição específica, a um conjunto de princípios, ou código de
conduta, a espiritualidade está associada com a experiência direta de
autotranscendência e a sensação de que estamos todos conectados,"
esclarece Jacob Hirsh, principal autor do estudo.
Mentalidade inclusiva e igualitária
Após a prática, todos foram submetidos a testes para
aferir suas atitudes políticas em relação a temas controversos.
"Induzir uma experiência espiritual através de um
exercício orientado de meditação levou tanto progressistas quanto conservadores
a apoiarem atitudes políticas mais progressistas," afirmam os autores.
"As experiências espirituais parecem fazer as
pessoas se sentirem mais em uma conexão umas com as outras," analisa
Hirsh.
"As fronteiras que normalmente mantemos entre nós
mesmos e o mundo tendem a se dissolver durante as experiências espirituais.
Estes sentimentos de autotranscendência tornam mais fácil reconhecer que todos
nós fazemos parte do mesmo sistema, o que estimula uma mentalidade inclusiva e
igualitária," acrescentou.
Equilíbrio necessário
Os pesquisadores esperam que essas descobertas não apenas
aprofundem nossa compreensão da espiritualidade, mas também possam ajudar no diálogo
político no futuro.
"A parte conservadora da crença religiosa tem
desempenhado um papel importante na coesão das culturas e no estabelecimento de
regras comuns. A parte espiritual, por outro lado, ajuda a renovar as culturas,
adaptando-as a novas circunstâncias," analisa Peterson.
"Tanto direita quanto esquerda são necessárias. Não
é que qualquer uma delas seja a correta, é que o diálogo entre elas produz a
melhor probabilidade que temos de conseguir o equilíbrio adequado. Se as
pessoas pudessem compreender que ambos os lados têm um papel importante a
desempenhar na sociedade, seria possível eliminar um pouco da tensão
desnecessária [entre os dois campos]," concluiu.
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