sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Pérolas de Nelson Mandela


  • "Nosso medo maior não é de que sejamos incapazes. Nosso medo maior é de que sejamos poderosos além da medida estabelecida. É a nossa luz, não a nossa escuridão, que mais nos amedronta. Perguntamo-nos: quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso, incrível? Na verdade, quem disse que sou tudo isso? Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. É na medida que deixamos a nossa própria luz brilhar que damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo". 
  • "Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade dos outros." 
  • "Ninguém nasce a odiar outra pessoa devido à cor da sua pele, ao seu passado ou religião. As pessoas aprendem a odiar, e, se o podem fazer, também podem ser ensinadas a amar, porque o amor é mais natural no coração humano do que o seu oposto." 
  • “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” 
  • Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos. 
  • "Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que conquista por cima do medo." 
  • "Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe diretamente no coração." 
  • "A prioridade é sermos honestos conosco. Nunca poderemos ter um impacto na sociedade se não nos mudarmos primeiro. Os grandes pacificadores são todos gente de grande integridade e honestidade mas, também, de humildade." 
  • "Depois de termos conseguido subir a uma grande montanha, só descobrimos que existem ainda mais grandes montanhas para subir." 
  • "Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós.” 

  • “A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.”

domingo, 12 de janeiro de 2014

Vida Monástica e Ilusão

Muitas pessoas, cansadas da vida mundana ou cansadas dos reveses da vida ordinária, das injustiças, da falta de reconhecimento, passam a acalentar dentro de si a ilusão de que, se passarem a viver uma vida monástica, se conseguirem se mudar para um ashram onde possam viver em grupo, seguindo rígidas normas, vão se tornar iluminadas. Neste pensamento vai embutida uma ambição muito forte, a ambição espiritual - a mais difícil de ser extirpada do coração do buscador.

Ter ou não uma vida monástica, participar ou não de um ashram é uma decisão pessoal. Qualquer estilo de vida que o buscador decida adotar é o estilo de vida que ele precisa para o momento dele e não deve ser condenado. Há monges, santos e iluminados que atingiram sua autorrealização utilizando o instrumento da vida monástica. Porém... libertação para uns poucos, prisão para muitos: se não for extirpada a ambição, se não houver uma rigorosa auto-observação, os mosteiros e ashrams servirão apenas de gaiolas de almas.

Tendo passado por vários ashrams e pesquisado intensamente a alma humana, o filósofo britânico ainda pouco conhecido Paul Brunton (1898-1981) nos deixou reflexões valiosas. Ele, que percorreu a Índia, nos anos 30, encontrando iogues e homens santos, bebendo de todas as fontes, sentiu uma profunda atração pelo líder espiritual Shankaracharya e por Sri Ramana Maharshi, o Sábio de Arunachala (não confundir com o Maharish Mahesh Yogi).

Brunton deixou alguns livros publicados e um legado de escritos que refletem sua grande sabedoria, encoberta num modo de viver simples, tranquilo, sem holofotes ou busca de reconhecimento mundano.

Aqui estão algumas das suas pérolas sobre a armadilha da vida monástica:  
  • Se as pessoas desejarem praticar a ética filosófica e por em prática os ideais filosóficos, não precisam nem devem viver reunidas em pequenas comunidades ou mosteiros. Elas podem e devem fazê-lo exatamente no lugar onde estão. Tais comunidades acabam por se desagregar, tais mosteiros por se deteriorar. (...)Na verdade, a experiência nesses locais mostra como é tola a noção de que neles realmente se promove o avanço espiritual de seus membros. É aí que se evidencia a diferença vital entre filosofia e misticismo. A filosofia é um ensinamento que pode ser aplicado a toda e qualquer situação da vida. Não é algo que possa resistir somente em estufas artificiais.
  • O caráter ascético transforma-se facilmente em caráter farisaico. O caráter monástico facilmente passa a depreciar aqueles que vivem no mundo e a se vangloriar por adotar um modo superior de vida. Tudo isso não é necessariamente verdade.

  • Não é provável que uns poucos sonhadores que se escondem do mundo, receosos de enfrentar a vida cotidiana, influenciem ou elevem esse mundo.

  • Outro perigo desses retiros monásticos é o de cair numa letargia piedosa de suposta renuncia, que é tão inútil para o místico quanto estéril para a humanidade.

  • O fato é que o homem carrega a si mesmo onde quer que vá, que o verdadeiro trabalho a ser feito deve realizar-se no interior de seu coração e de sua mente, não no interior de um ashram, e que tal transferência geográfica não tem nem mesmo metade do valor que seus defensores julgam ter.
  • O ambiente por si só não traz iluminação espiritual. Você pode permanecer num ashram até o Dia do Juízo e sair tão escuro como entrou. A menos que sejam estabelecidas condições interiores adequadas, a menos que a mentalidade e o caráter tenham sido preparados e purificados, viajar p/ o Oriente ou sentar-se aos pés de gurus pode levar apenas a uma alucinação de iluminação.
  • Um ashram deveria ser um lugar onde se pudesse usufruir os benefícios de uma atmosfera espiritual, da discussão metafísica, da meditação mística e de uma vida exemplar; mas, infelizmente muitas vezes a distância entre o que é e o que deveria ser é grande demais para ser ignorada. Aqueles que buscam pequenas utopias em pequenos ashrams podem encontrá-las, porém somente a custa de substituir a realidade pela imaginação. Os crédulos consideram isso fácil. Confortavelmente acomodados, meio adormecidos ou sonhando o tempo todo em seus ashrams, o que significou a guerra para eles? Nada, pois na verdade seu estrondo não chegou até suas vidas complacentes.

  • A mente continuamente voltada p/ si mesma tende com o tempo a exagerar a própria importância. É por isso que os ascetas e monges são muitas vezes um pouco desequilibrados ou excessivamente obsecados por si mesmos.
  • O fracasso em conseguir a elevação moral no mundo fora dos locais de retiro é comparável ao fracasso da luta moral que existe no pequeno mundo deles.
  • A lei da compensação atua em todos os lugares. Se o discípulo se julga superior pelo fato de viver num local sagrado de retiro ou de estar ligado a um mestre, existe o perigo de ele cair na ilusão de um rápido progresso, quando de fato não há nenhum. Pois, diante do estímulo emocional oferecido por tal local ou por tal mestre, ele pode naturalmente sentir que está agora num nível de caráter, de espiritualidade e até de consciência muito superior ao anterior. Em certo sentido, esse sentimento é verdadeiro. Ele não se dá conta, entretanto, de que esse estímulo um dia será retirado (aqui não é necessário explicar como nem por que), de que essa condição é apenas temporária e de que ele é realmente como um homem que se expõe ao sol e imagina que o calor e a luz irradiam dele e não de uma fonte exterior.
PAUL BRUNTON, Relax e Solitude (págs 304 e 305)

*Agradecimentos à nossa amiga Gena Teresa pelo envio.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Vida, Morte e Mistério

 "Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós."
(Amado Nervo)


Vós conheceis o segredo da morte.
Mas como o encontrareis a menos que o procureis no âmago do coração?
O mocho cujos olhos noturnos são cegos para a claridade,
não pode desvendar o mistério da luz.
Se quereis verdadeiramente conhecer o espírito da morte,
abri o vosso coração até ao corpo da vida.
Pois vida e morte são uma só, tal como o são o rio e o mar.
Na profundeza dos vossos desejos e esperanças
está a consciência silenciosa do além;
e tal como as sementes que sonham sob a neve,
também o vosso coração sonha com o desabrochar.
Confiai nos sonhos, pois neles está a porta para a eternidade.
O vosso medo da morte não é mais do que o temor do pastor
quando se vê perante o rei que ergue a sua mão para o honrar.
E sob a sua tremura, não está feliz o pastor,
por trazer em si a insígnia do rei?
E, no entanto, não está mais consciente do seu tremor?
Pois o que é morrer senão ficar nu ao vento e fundir-se com o sol?
E o que é deixar de respirar senão
libertar a respiração das suas inquietações
a fim de ela poder elevar-se e expandir-se até Deus?
Só quando beberdes do rio do silêncio sereis capazes de cantar.
E quando chegardes ao cimo da montanha,
podereis então começar a subir.
E quando a terra reclamar o vosso corpo,
então sereis verdadeiramente capazes de dançar.

(Khalil Gibran, O Profeta)