A sigla TDAH significa: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
Segundo as estatísticas, entre 3% a 6% das crianças sofrem dessa síndrome. O problema é definido normalmente pelos especialistas como um "transtorno neurobiológico de causas genéticas", manifestado em forma de sintomas como desatenção, inquietação e impulsividade. Estes sintomas tornam-se um entrave ao aprendizado normal. O polêmico tratamento inclui drogas que atuam no sistema nervoso central e até uso de antidepressivos.
Vale a pena salientar que, nos Estados Unidos, a incidência de crianças com TDAH é de 9%. Quando sabemos do sistema americano de ser, com todas as implicações e reflexos na infância (consumismo, competitividade, excesso de informação e de estímulos, etc.), a pergunta fica no ar: será por um acaso que o índice é maior por lá?
Sathya Sai Baba, mestre indiano criador do programa educacional chamado "Educare" jamais prescreveu medicamentos pesados para aquietar os alunos. O programa Sai Educare prevê uma pequena meditação antes das atividades diárias escolares. Uma técnica simples como são simples as verdades do espírito. Um aquietamento que não dura mais do que quinze minutos, mas que propicia à criança um mergulho em si mesma, onde ela começa a aprender a se observar, a acalmar suas emoções, a perceber a importância da respiração tranquila.
Hoje sabe-se que pessoas que meditam e que oram se livram mais facilmente de doenças e sabem lidar melhor com os problemas da vida. Então por que não ensinar às crianças desde cedo o valor da meditação?
O texto abaixo é uma evidência a colocar mais dúvidas sobre essa polêmica síndrome chamada déficit de atenção. Foi escrito por Marilyn Wedge, Ph.D, e retirado do site: http://equilibrando.me/.
Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção?
Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade
escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a
percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a
0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos
Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças
na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico?
Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na
França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos
consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O
tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos,
tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o
TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em
vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os
médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o
sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da
criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente
com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente
de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas
de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo
sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos
psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação
Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa,
como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification
Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela
primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em
identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das
crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar
os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos
em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos
crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH
não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a
“patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não
considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem
como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva
a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também
permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o
fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de
alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que
trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas
crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às
vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento
farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a
influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de
educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes
poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem
comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais
divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias
são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas
diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos
Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais
franceses oferecem um firme cadre - que significa “matriz” ou “estrutura”. Não
é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As
refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas
aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos,
sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites
estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não
dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos
tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática
esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais
franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma
coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e
protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais
feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência,
como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a
palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a
palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o
sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para
controlar o seu comportamento, porque aprendem o autocontrole no início de
suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem
compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas,
como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos,
enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o
inverso.