quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Reflexões de Ano Novo



“O Ano Novo chega regularmente, ano após ano. Mas vocês têm alguns pensamentos novos? Vocês não largam suas ideias antigas e erradas. Elas deveriam ser abandonadas, dando lugar a pensamentos novos, sagrados e sublimes. Qual é a utilidade de celebrar os dias de Ano Novo se vocês não mudam sua velha maneira de pensar e se comportar? Façam um uso adequado do tempo, que é igualmente precioso e sagrado. Não se deliciem com tagarelices inúteis. Desenvolvam boas qualidades, como compaixão, amor e solidariedade. (...)Acima de tudo, coloquem sua confiança em Deus.” – Sathya Sai Baba

“Para o Ano Novo, meu maior desejo e minha maior oração para você é que se descarte dos hábitos errados de pensamento e ação. Não arraste seus maus hábitos para o Ano Novo; você não tem que carregá-los junto. Em qualquer momento você pode ter que abandonar o seu pacote mortal e os hábitos desaparecerão. Eles não lhe pertencem agora. Não os reconheça! Abandone todos os maus hábitos, pensamentos inúteis e tristezas passadas. Comece uma vida nova!” - Paramahansa Yogananda 

“Esta e só esta pode ser a resolução de ano novo: 'Eu resolvo nunca fazer qualquer resolução porque todas as resoluções são restrições do futuro. Todas as resoluções são prisões'.” – Osho

“Abram-se à luz interna de seus próprios corações, e permitam que se tornem completamente radiantes, assim podem tocar outros corações. Isso pode tomar um pouco do seu tempo, portanto quanto mais cedo começarem, melhor. Nosso reino está esperando todas as luzes estarem brilhando, pois elas vão iluminar as dimensões entre nós.” – Saint Germain

"A felicidade do Ano Novo depende de nós. Eu gostaria de expressar minhas saudações e Feliz Ano Novo. Na verdade, se o próximo ano tornar-se feliz ou miserável, depende de nós. No primeiro dia do Ano Novo, devemos ser mais determinados a sermos mais sinceros e seres humanos compassivos. E tentar criar a paz interior em primeiro lugar dentro de nós e em seguida, compartilhar com outras pessoas para construirmos um ano feliz." – Dalai Lama

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Chama da Fraternidade

Vivemos dias de perigo. A sombra da humanidade nunca esteve tão grande e tão pesada, ameaçando engolir-nos a todos. No entanto, os trabalhadores da Luz não podem, por mais escura que seja a situação, deixar de acreditar na Luz. O poder do Amor é infinitamente superior a qualquer outro poder. A Terra irá conquistar uma nova era, a prometida Era de Ouro, onde vivenciaremos todos a legítima fraternidade. Nem nos mais elevados devaneios poderemos vislumbrar o que seja viver em paz e comunhão interna de almas! Este é o destino da Terra. Este é o destino de todos nós. Somos divinos. 

Acordemos nosso cristal luminoso, que se aloja no fundo de nossas almas. Pedimos às pessoas de boa vontade que, ao recitar esta oração, imaginem o nosso planeta vivendo finalmente o seu propósito universal de paz, com as pessoas de diferenças raças e religiões se dando as mãos.

ORAÇÃO DA FRATERNIDADE

Senhor Deus,
Nós  pedimos Paz para o nosso planeta;
Agradecemos por sermos diferentes,
Pois cada um de nós é uma criatura única,
Mas reconhecemos que todos somos irmãos,
Pois pertencemos a uma mesma família 
que é a humanidade.
Rogamos, Senhor, que todos os seres 
de todos os povos possam estar felizes.
Pedimos por todos os países,
Por todos os homens de todas as religiões, 
raças e classes sociais.
Que todos possamos viver 
em paz, amor e em comunhão,
Num verdadeiro espírito fraternal.


PASSE ADIANTE ESTA ORAÇÃO! VAMOS MANTER A CHAMA DA FRATERNIDADE!

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Equinócio da Primavera

Celebra-se hoje o primeiro dia da Primavera.

Na Astronomia, entende-se como equinócio o instante em que o Sol, em sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste).

A palavra equinócio vem do latim aequus (igual) e nox (noite), ou seja: “noites iguais“, porque, nessa ocasião, o dia e a noite duram o mesmo tempo.

Os equinócios definem as mudanças de estação. Eles ocorrem nos meses de março (marcando o início do outono no hemisfério sul e da primavera no hemisfério norte) e setembro (início da primavera no hemisfério sul e outono no hemisfério norte).

Muitas culturas antigas, num tempo em que o homem era mais ligado à terra e tudo girava em torno das estações e das colheitas, costumavam celebrar o equinócio de Primavera com muita alegria. 

Os celtas, por exemplo, criaram um ritual: o ritual de Ostara, festejando o momento do giro da roda do ano em que o poder da luz ganha ascendência sobre o poder das trevas. Exatamente a partir desse dia onde a duração da noite e do dia são iguais, a luz começa a ganhar força, vencendo a escuridão e tornando, daí por diante, os dias mais longos que a noite. É o início da época da semeadura. O início do plantio físico e espiritual.

Nós também podemos aproveitar o momento para um contato maior com a natureza, realizando passeios ao ar livre, sentindo a energia renovadora da Terra. Enfeitar a casa com flores atrai boas energias. Banhos perfumados também são bem-vindos, assim como acender velas perfumadas.

Pensamentos de Primavera

"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la." (Cecília Meireles)

"Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira." (Idem)

"Primavera não é uma simples estação de flores, é muito mais, é um colorido da alma." (Jaak Bosmans)

"Sejamos como a primavera que renasce cada dia mais bela… Exatamente porque nunca são as mesmas flores." (Clarice Lispector)
“Se pudéssemos ver o milagre duma simples flor, toda a nossa vida mudaria.” (Buda)

"A primavera chega e a grama cresce por si mesma... tudo isso é fruto do silêncio absoluto." (Osho)

Oração da Primavera


Que a primavera nos traga,
pelo perfume das flores e das ervas,
pelo canto das aves e o zumbido dos animais,
a percepção de um modo único e sagrado.

Que a primavera nos traga,
pelo murmúrio dos riachos e nascentes,
pela brisa suave que nos traz as vozes das árvores,
a noção de que o Amor entre as criaturas da Terra
é o Caminho para que todos cresçamos.

Que a primavera nos traga,
pelo calor confortável do sol sobre nossas cabeças
e pela luz brilhante a refletir nos lagos e na relva úmida,
a ciência de que somos responsáveis por tudo o que nos rodeia,
e pela restauração da Vida.

Que as flores venham!
Que venham os pássaros!
Que venha a Primavera!
Que tudo seja doce e florido!
Que a cada dia tenhamos alegria e prazer de viver!
Que assim seja, que assim seja, que assim seja!


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Dia da Árvore - Reflexões

No Dia da Árvore, uma vez mais não temos o que comemorar, mas o que refletir. 

Se o que a humanidade quer é destruir qualquer possibilidade de vida no planeta, basta continuar a devastação das nossas florestas. Mas se o que queremos é preservar o futuro daqueles que herdarão a Terra, façamos alguma coisa. Urgentemente. Gritando, denunciando, deixando de lado a omissão e a impassibilidade!

A realidade das nossas matas, hoje, é grave demais. Da nossa Mata Atlântica, que originalmente estendia-se por toda a costa nordeste, sudeste e sul do país, restam apenas míseros 7%.

Amazônia: somente no ano passado, a Amazônia perdeu de floresta o equivalente a 701 mil campos de futebol. Já conseguimos desmatar quase 20% deste magnífico bioma.
Árvore amazônica e índios. Foto de Araquém Alcântara

Grande parte do desmatamento deve-se à pecuária. Com o aumento da população, mais e mais áreas são necessárias para a criação de gado. Por que não podemos mudar o hábito de comer carne, hábito este pernicioso à saúde? Quando pararemos? Por que é tão difícil uma mudança de paradigma? Seguiremos derrubando florestas até quando não mais restar oxigênio para respirarmos?

“Só quem anda por aqui é que sabe que a grande floresta não tem mais como suportar, atingiu o seu limite. Ela está realmente se fragmentando e já é possível prever uma Amazônia dilacerada, sem produzir chuva e completamente modificada na sua fisionomia original. A destruição da floresta escancara nosso descaso, nossa conivência com o crime inominável. Estamos permitindo a desertificação do maior laboratório científico de nossa civilização, sem ao menos conhecê-lo e estudá-lo. O que dói na alma é que os cientistas afirmam que dentro desta mata dilacerada é possível existir milhares de produtos que podem revolucionar a saúde do planeta." Assim desabafou o fotógrafo e jornalista Araquém Alcântara em seu manifesto "A Ferro e Fogo".

Árvores & Pensadores

  • "Sem a Floresta Amazônica nosso futuro está condenado a dormir para sempre no passado.” -  Sandra Mara Ortegosa 
  • "A árvore, quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira." - Provérbio árabe
  • "Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro." - Provérbio indígena
  • "Quando uma árvore é cortada, ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz." - Tom Jobim 
  • “Se por amor às florestas um homem caminha por elas metade do dia, corre o risco de ser considerado um vagabundo. Mas se usa seu tempo para especular, ceifando a mata e tornando a terra careca antes do que deveria, ele é visto como um cidadão industrioso e empreendedor”.  - Henry David Thoreau 
  • “Entre as imagens que mais profundamente marcaram minha mente, nenhuma excede a grandeza das florestas primitivas, poupadas da mutilação pela mão do homem. Ninguém pode passar por essas solidões intocado, sem sentir que existe mais dentro do homem do que a mera respiração do seu corpo”.  - Charles Darwin
  • “Se soubesse que o mundo se acabaria amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore.” - Martín Luther King 
  • “A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem.”  - Monteiro Lobato 
  • “Um homem é rico na proporção do número de coisas que ele tem poder de deixar intocadas.”  - Henry David Thoreau 
  • “Nesses tempos de céus de cinzas e chumbos, nós precisamos de árvores desesperadamente verdes.” - Mário Quintana 
  • "As árvores são poemas que a terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e transformamos em papel para registrar o nosso vazio." - Khalil Gibran 
  • “O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore.”  - Manoel de Barros
  • “A natureza é uma grande pregadora de verdades espirituais. Por exemplo: considere uma árvore. Ela suporta calor e chuva, verão e inverno, e todo o dano que lhe é causado. Ela oferece sombra e frutos a quem dela se aproxima. Ela não tem sentimento algum de ódio, ou vingança, para aqueles que lhe causam danos. Ela não espera retorno algum daqueles que se beneficiam dela. Todo mundo deveria aprender com a árvore essa lição de serviço abnegado e paciência.” – Sathya Sai Baba 
PLANTE UMA ÁRVORE! DENUNCIE DERRUBADAS ILEGAIS! O PLANETA É NOSSO NÃO APENAS PARA USUFRUIRMOS DELE, MAS PARA PRESERVÁ-LO!

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Momento de Introspecção

“O melhor trabalho político, social e espiritual que podemos fazer é parar de projetar nossas sombras nos outros.” 

(Carl G. Jung)

Estamos num momento em que a sombra não pode mais ser escondida. Ela simplesmente está explodindo à nossa frente, aos nossos olhos atônitos. A sombra da humanidade, que é a soma da sombra de todos nós, tem hoje a dimensão de uma nuvem gigantesca e escura, pairando sobre a Terra. Para vê-la, basta um clique. As cenas do nosso declínio desfilam hoje diante de nós sem que precisemos sair de casa, bastando apertar a tecla de um controle remoto ou um celular.

“Fiquei petrificada” – disse a fotógrafa ao registrar a imagem da criança séria, de apenas 3 anos, afogada no mar ao tentar fugir dos horrores da guerra com sua família. Será esta imagem o empurrão que falta para percebermos o fracasso total e acachapante da nossa dita “civilização”? Precisamos de mais o quê para acordarmos?

Somos todos um, é o que nos diz a física quântica. Fazemos todos parte de uma grande teia. É por isso que nossas sombras se somam. E a sombra unida de todos nós já não pode mais ser ignorada ou contida. Ela extrapolou. Tudo porque a humanidade evoluiu tecnologicamente, mas negou-se a trabalhar o conteúdo da própria psique. Por medo. Afinal, sempre foi assim. Nossos pais nos ensinaram a reprimir nosso lado sombra; eles já haviam aprendido com os nossos avós, que também foram treinados pelos nossos bisavós... e daí por diante. 

Aprendemos que é feio ter uma sombra. O melhor é fingir que não temos. O melhor é pensarmos que somos puros e perfeitos. E o que temos feito é isto: adiar o momento do confronto... conosco mesmos. Adiamos e adiamos por séculos. E agora estamos num impasse. O mundo transformou-se num palco de areia movediça onde as forças do caos mostram a sua cara, sugando tudo ao seu redor.

O desequilíbrio que vemos externamente em todos os segmentos da sociedade está nos enviando uma mensagem. A mensagem é exatamente esta: “Olhe para mim! Não me ignore mais!”. Os estertores do nosso modelo equivocado de civilização, valorizando sempre a vida externa sem o aprofundamento da vida interna, são o alerta que precisamos para mudar. Isso é urgente, não dá mais para adiar.

Jung
Jung disse, em 1945: "Uma pessoa não se torna iluminada ao imaginar formas luminosas, mas sim ao tornar consciente a escuridão. Esse último procedimento, no entanto, é desagradável e, portanto, impopular."

O estudo da sombra continua impopular. Não queremos olhar para a nossa sombra, não queremos nem saber que temos sombra! E tudo aquilo que não queremos ver ganha força sobre nós. Escondida nos recônditos do nosso ser, é a sombra que sabota nossas vitórias, nossos relacionamentos, nossa paz.

Ter uma sombra não é motivo de susto ou de vergonha. Todos nós temos uma sombra. Aceitar isto é o primeiro passo para uma mudança interna de paradigma. Se existe a coragem é porque existe o medo; se existe o quente é porque existe o frio; se existe o bem é porque existe o mal. Portanto, todas as coisas têm o lado dito “positivo” e o lado “negativo”. São polaridades apenas.

Aceitação é uma das chaves. Olhar, reconhecer e aceitar. E autovigiar-se. Prestar atenção particularmente aos momentos de raiva ou irritação. Parar de apontar. Parar de julgar e jogar no outro a responsabilidade sobre nosso humor. O poder não está fora, está dentro. Ninguém tem o poder de nos fazer felizes ou infelizes, belicosos ou pacíficos. O descontrole existe porque guardamos dentro de nós um conteúdo que desconhecemos e negamos por séculos. Teve uma crise de raiva porque o outro o ofendeu? Pare, reflita. O outro simplesmente foi o agente que desencadeou seu sentimento. Você não está com raiva porque o outro o ofendeu. Você está com raiva porque a raiva estava reprimida, dentro de você, aguardando uma chance para aparecer.

"Decifra-me ou devoro-te", parece dizer a esfinge. Com a sombra é a mesma coisa. Ou decidimos olhar para esse compartimento dentro nós guardado a sete chaves, ou perderemos o bonde da própria vida. Outra encarnação. Outra tentativa.

A hora do salto quântico é agora! Todas as forças do universo se movem para que tenhamos essa oportunidade! Ampliar nossa consciência sem olhar para a sombra é impossível, ilusão pura. Ampliemos. Aprofundemos. Já prorrogamos demais. Paremos com todo esse circo de horrores. Paremos de projetar, projetar, projetar no outro aquilo que não queremos ver em nós.

Precisamos, com amor e união, reescrever a nossa história. Com muita coragem, determinação, amor. Olhar para dentro. Aprofundar-se. Autoconhecer-se. Isto é levar luz para a sombra. E qualquer sombra desaparece com a luz. 

Recomendo o estudo dos livros: "Ao Encontro da Sombra" - Ed. Cultrix; e "O Efeito Sombra" - Ed. Lua de Papel.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Mensagem Indígena de Otimismo

“Eu gostaria de partilhar essas profecias, porque elas nos ajudarão a olhar para o futuro com esperança, ao invés de encará-lo com desânimo e tristeza.

Nossa Mãe Terra nunca destruiu todos os Filhos da Terra em qualquer dos quatro mundos anteriores, e também não é desta vez que fará isso. Aprendi que, ao final de cada mundo, a circunferência da Terra expandiu-se, criando novas massas de terra e eliminando outras. A cada vez aqueles dentre seus filhos mais leais, que conseguiam ler os sinais que lhe eram enviados, encontravam lugares seguros para viver. (...)

A Profecia do Berço fala do nascimento de milhares de Guerreiros do Arco-Íris, que verão se manifestar o sonho do Quinto Mundo de Paz. Estamos vivendo este processo agora, nesta era que os Ancestrais denominavam Tempo do Búfalo Branco. Esta é a época na qual os ensinamentos estão sendo transmitidos a todos aqueles que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver. A profecia declara que esses Guerreiros do Arco-Íris se recordarão de sua herança e a utilizarão para o BEM de todos os Filhos da Terra. (...)

Muitas pessoas que se desligaram da Mãe Terra e não sabem mais como plantar o seu próprio alimento precisarão aprender a fazê-lo. As pessoas que não conhecem o valor curativo das plantas passarão a depender de outras que já reconhecem este valor.

A capacidade de reagir às mudanças está calcada na capacidade pessoal de Partilhar e de Servir. Este é o momento de iniciar o processo de aprendizado que nos permitirá voltar a aprender as pródigas lições que a Mãe Terra propicia, para que as futuras gerações possam receber os sistemas de conhecimento necessários a uma vida harmoniosa. (...)
O Tempo do Búfalo Branco verá acontecer muitas maravilhas, já que os governos não controlarão mais as ações dos Filhos da Terra e a união entre os povos voltará a ser fortalecida.(...)

Nós só podemos proteger o FUTURO reagindo ao AGORA, ou seja, ao PRESENTE.”

* Sabedoria Indígena norte-americana (nação Dakota)

* Agradecendo à minha amiga Marilu Martinelli o envio.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A Sombra de Todos Nós

"Algo que ocultávamos nos enfraquecia, até percebermos que esse algo éramos nós mesmos.” – Robert Frost

Volto a falar sobre este tema, a sombra, por considerar o trabalho com a própria sombra, para o buscador do conhecimento supremo (o conhecimento de si mesmo), muito mais produtivo e revelador do que qualquer outra prática espiritual, seja ela qual for.

O que é a sombra?

“Por sombra, quero dizer o lado ‘negativo’ da personalidade, a soma de todas aquelas qualidades desagradáveis que preferimos ocultar, junto com as funções insuficientemente desenvolvidas e o conteúdo do inconsciente pessoal.” (Jung, num dos seus ensaios sobre a psicologia do inconsciente).

“Nossa sombra é feita de pensamentos, emoções e impulsos que julgamos excessivamente dolorosos, constrangedores ou desagradáveis de aceitar. Portanto, em vez de lidar com eles, nós os reprimimos – e os lacramos em alguma parte de nossa psique, para que não seja preciso sentir o peso e a vergonha que carregamos por conta deles.” (Debbie Ford)

Self inferior, eu reprimido, alter ego, id. Muitas são as denominações. Para começo de conversa: tudo aquilo que tem substância tem sombra. Nosso ego faz um contraponto com a sombra, da mesma forma que a luz faz um contraponto com as trevas. Por mais que nos julguemos perfeitos, por mais que tentemos fechar os nossos olhos internos, todos nós temos, sim, uma sombra. Não queremos olhar para ela porque ela assusta, é feia, e não queremos que desmorone a nossa autoimagem tão cuidadosamente elaborada ao longo do tempo... imagem erguida com nosso suor, nosso sangue, nossas lágrimas.

As descobertas sobre a sombra começaram com os estudos de Freud e Carl Jung. Bem-humoradamente, Jung disse que, de forma intuitiva, todos nós compreendemos o significado das expressões sombra, personalidade inferior ou alter ego. E que, se por acaso alguém esqueceu, “sua memória pode ser facilmente refrescada por um sermão de domingo, por sua esposa ou pelo coletor de impostos”. Sim, um simples coletor de impostos pode ser a “topada” que deflagra o pior que há em nós.

“Puxa, eu estava tão bem... tinha acabado de fazer minha meditação, ao som de uma música celestial... e aí alguém tocou a campainha e me entregou um envelope. Era um aviso de multa. Que droga! Espumei de raiva e soltei até um palavrão!” E num segundo, toda a “paz” e todo “amor” trazidos pela meditação foram eclipsados pelo “filho da... que tá querendo meter a mão no meu bolso!”

Topadas são testes reveladores da sombra que guardamos a sete chaves para que ninguém veja. Mostrando que aquela “paz” não era, ainda, a Paz, ou seja, aquele estado de equanimidade mental propalado pelos mestres, onde os eventos externos perdem o seu poder de nos afastar do equilíbrio interno.

Quer tenhamos consciência disto ou não, o Poder Divino, ou Amor Cósmico Universal, ou Eu Superior (chame-o como quiser), está nos movendo em direção à Luz. Quando a parte mais densa da nossa personalidade reage e empanca, as topadas aparecem. As topadas da vida vêm de muitos lados, e são uma fonte educativa. Elas vêm para nos dar um reimpulso em direção à Fonte Cósmica de onde viemos. As topadas nunca deveriam ser vistas como empecilhos e sim como oportunidades de autoconhecimento e evolução espiritual.

Sem autoconhecimento não há espiritualidade, só pseudo-espiritualidade. E caminhos para o autoconhecimento são inúmeros, mas nenhum deles será eficiente enquanto não decidirmos enfrentar a nossa sombra. Nenhum deles será de ajuda enquanto alimentarmos essa bolha de ilusão que nos leva a acreditar que somos justos e perfeitos e não temos sombra. 

O trabalho com a sombra nos liberta da consciência de manada e conduz a vida neste planeta a uma vibração mais elevada, deixando para trás este jardim da infância das emoções.

Como olhar para si mesmo é uma tarefa extremamente árdua, a maioria de nós prefere adiá-la. É mais fácil enveredar por essa miríade de caminhos espirituais que alimentam o autoengano e nos mantêm engaiolados, seguindo o pensamento dos outros como ingênuos cordeirinhos; é mais fácil continuar com o dedo apontado para fora; é mais fácil continuar alimentando e multiplicando esse gigante e assustador festival de superficialidades que é a nossa sociedade contemporânea.

Temos medo do material escuro que escondemos dentro de nós mesmos, por isso optamos por negá-lo. No entanto, o monstro assustador só faz crescer, porque a sombra negada individualmente é agregada à sombra negada de todas as pessoas, transformando-se numa descomunal sombra coletiva. E a grande sombra coletiva se materializa em quê? Em sofrimento, desarmonia, intrigas, guerra, caos. O poder destrutivo da sociedade de massa é imenso. Aí está a História para comprovar, com seus massacres e horrores. E com a manipulação global dos grandes grupos em prol de interesses econômicos obscuros.

Esse poder, entretanto, é nada em comparação à Luz. Acenderemos o interruptor interno para enxergar as nossas trevas? Ou continuaremos imersos na ilusão de que somos invariavelmente bons e as guerras nada têm a ver conosco e sim, com "os outros"?

(Vale aqui um adendo: devemos compreender por guerra não somente acionar uma metralhadora ou uma bomba atômica. Guerra é tudo aquilo que nos faz desviar o olhar do nosso irmão; é a falta de compreensão com quem está perto; a insensibilidade diante do sofrimento; a frieza diante das injustiças; os maus pensamentos: a mente sem controle, a nos enredar em julgamentos e superficialidades).

“Sombra, eu?” – sussurra o ego. “Eu só faço o bem, sou uma pessoa amorosa, justa, fico aqui no meu canto...”

Deepak Chopra diz: “Se você não pode enxergar a própria sombra, precisa procurá-la. A sombra se esconde na vergonha, nos becos escuros, nas passagens secretas e nos sótãos fantasmagóricos de sua consciência. Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo”.

Ressaltando: "Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo".

“Lidar com a nossa sombra é algo complexo, porém, é uma jornada garantida de volta ao amor. Não apenas o amor pelos outros, mas o amor por cada característica que vive dentro de você e dentro de mim – um amor que nos permite abraçar a riqueza de nossa humanidade e a plenitude de nossa divindade”, explica Debbie Ford. Ela também diz:

“Onde não há amor, há medo. E o medo, depois de se apossar da mente, é como um vício que ameaça esmagar a alma. Então, é essa coisa que chamamos de sombra. Ela não aparece na vida da maioria de nós; é um fogo gigantesco, mas arde como brasa lenta. É você, ao fazer uma afirmação tola, magoando alguém que ama e possivelmente arruinando um relacionamento. Ou você, quando faz algo imbecil que sabota a carreira profissional. Ou você, ao pegar um drinque, sabendo que é alcoólatra e que, se continuar, isso vai matá-lo. Em outras palavras, é aquele você, dentro de você, que não deseja seu bem. É a sombra, e ela só pode ser eliminada se você deixar brilhar a sua luz. (...) Quando estamos vivendo em alinhamento com o self verdadeiro, conforme Deus nos criou, recebemos amor constantemente, e o estendemos da mesma forma como o recebemos. Isso é o que significa viver na luz.”

Hércules
Podemos adiar o quanto quisermos. Podemos continuar na prisão do medo, podemos encontrar conforto na bolha ilusória que muitas religiões oferecem, podemos perpetuar nossa ignorância abissal sobre nós mesmos através do velho hábito de refletir no outro nossos problemas e nossas insatisfações. Mas chegará o dia, cedo ou tarde, em que, a exemplo de Hércules, teremos de lavar nosso próprio estábulo. 

Feito isto, viveremos na luz e compreenderemos, finalmente, que somos todos um e nada temos a temer, pois a luz daquele que desperta é capaz de iluminar o universo inteiro. 


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Dia da Terra 2015

Mais um Dia Mundial da Terra. Sofrido planeta. Há muito mais a refletir do que comemorar. Refletir e agir. Não temos muito tempo. A raça humana tem destruído os recursos terrenos de forma feroz e inconsciente.

Deixemos que a sabedoria indígena desperte em nós o amor por este planeta que nos sustenta:


“Nós não herdamos a Terra de nossos antecessores, nós a pegamos  emprestada de nossas crianças.”

 “A primeira paz, que é a mais importante, é aquela que vem de dentro das almas das pessoas quando elas percebem seu relacionamento, sua unidade com o universo e todos os seus poderes, e quando elas percebem que no centro do Universo habita o Grande Espírito, e que este centro está realmente em todos os lugares, e está dentro de cada um de nós."

"Se falar com os animais eles falarão consigo e vocês vão-se conhecer um ao outro. Se não falar com eles, não os conhecerá, e o que não se conhece, teme-se. E aquilo que tememos, destruímos." 

“Não basta falar sobre a paz. É preciso pensar, sentir, agir e viver em paz.”

“Tudo na Terra tem um propósito: cada doença, uma erva para curar; cada pessoa, uma missão a cumprir. Esta é a concepção dos índios sobre a existência.”

“Quando o homem se afasta da natureza o seu coração fica difícil.”

Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro."

Acesse o vídeo: https://vimeo.com/125690482

quarta-feira, 11 de março de 2015

O Vírus do Fundamentalismo - ou - Nada é Fixo no Universo, Inclusive (e Principalmente) Nossas Ideias

“Somos máquinas de produzir realidade. Criamos constantemente os efeitos da realidade. Se tiramos informação de uma base de conhecimentos pequena, temos uma realidade pequena. Se temos uma base de conhecimento ampla, temos uma realidade ampla.” – Joe Dispenza, doutor em bioquímica.

Não é brincadeira. O vírus do fundamentalismo existe, é poderoso e nenhum de nós está imune ao seu contágio. Para pegá-lo, basta aferrar-se a uma ideologia. Qualquer uma. Seja espiritual, étnico ou político, o fundamentalismo é perigosíssimo para o autêntico buscador do autoconhecimento (a única tarefa que nos leva a encarnar, no final das contas, é a busca de si mesmo), porque ele fecha as possibilidades de ver além. Ele encarcera você numa “verdade” que, por mais fascinante e atraente que possa parecer, é apenas uma das infinitas maneiras de ver e ser no mundo. Pois não existe a chamada “verdade absoluta”. Mas o fundamentalista só vê a sua fração de verdade como a “verdade absoluta”. 

Aí, como diz um grande amigo, não tem jeito, você “entra no cubo”. “Entrar no cubo” significa que você aceita se encarcerar, você aceita reduzir e estreitar seus limites, para que suas certezas caibam no seu pequeno mundinho quadrado.

Aceitar uma verdade como inquestionável é o maior entrave do buscador, do ser livre. Mais - é a morte do espírito. 

Nós nos acostumamos a relacionar o termo ao chamado "fundamentalismo islâmico", mas eu me arrisco a dizer que o fundamentalismo mais pernicioso é aquele sutil, que nos impulsiona a tomar pequenas atitudes venenosas no cotidiano. Aquele fundamentalismo sutil que penetra em nossos pensamentos e nos faz decretar que estamos invariavelmente certos. Aquele fundamentalismo que não admite uma mudança de ideia, uma retomada de atitudes, uma correção de rumo. Esse tipo de fundamentalismo que nos leva a defender um ponto de vista até as últimas consequências. Que não aceita a troca de ideias, o diálogo. Que não abre um pouquinho que seja a mente, porque não aceita pontos de vista divergentes. 

Hoje, com as descobertas alucinantes da física quântica, podemos compreender que inexiste uma realidade objetiva, independente do observador. O olhar do observador interage com o objeto observado e o objeto observado pode mudar o comportamento ao ser observado! Isto não é ficção, isto é física moderna!

Enquanto nos aferramos às nossas ideias, por mais altruístas que possam parecer, mais distantes ficamos da onda renovadora que nos impele rumo à profundidade das nossas almas. Ficamos na superficialidade. Transformamo-nos em zumbis, mortos interiormente.

A quântica nos revela dimensões paralelas e nos convida a quebrarmos nossos paradigmas, para que nos lancemos além do universo das aparências, quebrando opiniões, certezas, dogmas e fundamentos. Provando-nos que nada é fixo na matéria, sequer ela própria.

Tudo se move, tudo gira, tudo muda, nada é o que parece ser. Esta deveria ser a primeira lição do buscador. E a sua única certeza.

“O mundo observado é apenas uma aparência; na realidade, nem sequer existe.” – Erwin Schrödinger, Nobel da Física.

Acesse nosso blog: http://quanticaevedas.blogspot.com

terça-feira, 10 de março de 2015

A Sombra e a Crise Moral

“Valores morais e espirituais precisam ser honrados com a mesma intensidade, ou mesmo mais, que os valores econômicos e materiais. A vida deve ser uma mistura harmoniosa desses valores, com ênfase na força moral. A honra de uma nação depende de sua moralidade. Uma nação sem moralidade está predestinada ao desastre.” – Sathya Sai Baba

Toda a crise que vemos no mundo, hoje, é uma crise moral. O Brasil se afoga na corrupção, os Estados Unidos exportam seu modelo de ultraconsumismo, a China explora seus trabalhadores e debate-se no meio de uma poluição ambiental insustentável... e por aí vai.

O que leva um homem público a ser corrupto? Falta de valores humanos. O que leva um país inteiro (ou países inteiros, já que o problema é global) a desrespeitar o meio ambiente onde vive? Falta de valores humanos.

E ainda nos assombramos com os acontecimentos do dia a dia?

O que estamos fazendo? Estamos educando nossas crianças no caminho correto? Estamos dando a elas o exemplo de que o amor, a dignidade, a honestidade, o respeito valem mais do que a dita “esperteza”? Estamos explicando a elas que a mania de “levar vantagem em tudo” é perniciosa a longo prazo? Estamos mostrando a elas que o comportamento fraterno, sem competição, é o único capaz de nos elevar como pessoas e como sociedade? Estamos desestimulando nelas a ânsia pelo consumismo?

Nada disso. Estamos até sem tempo de ensinar alguma coisa aos nossos filhos. Estamos terceirizando a educação, deixando que a internet, junto com a TV e as babás, façam por nós aquilo que é obrigação nossa. O que se espera de uma criança que passa o dia diante da televisão ou acessando todo o tipo de lixo na internet? Valores humanos? Zero. Moralidade? Zero.

É o nosso modelo de civilização. É a sombra da humanidade, que cresce progressivamente, à medida em que não se quer olhar para ela. Não queremos ver os erros, apenas seguimos em frente com eles.

Os políticos que elegemos são projeções nossas, nada mais do que projeções. Se desconhecemos nossa própria sombra e, por isso, desconhecemos a nós mesmos, como vamos reconhecer o eu farsante do outro?

Mahatma Gandhi disse: “O problema do mundo é que a humanidade não está em seu juízo perfeito”. E não percebemos que estamos loucos. E por não percebermos, não lutamos pela nossa sanidade.

O famoso filósofo Krishnamurthi estava dando uma palestra quando lhe perguntaram: “Quero ver a paz no mundo. Detesto a guerra. O que devo fazer para promover a paz?” Krishnamurthi simplesmente respondeu: “Pare de ser a causa da guerra. Dentro de você está a causa de todas as guerras. É sua violência, oculta e negada, que conduz às guerras de todo tipo, seja dentro de seu lar, contra outros da sociedade ou entre nações”.

Duvida?

Todas as vezes em que você pensar: “Sou muito melhor do que essas pessoas”; “criminosos são desumanos”; “sou um exemplo”, você está ampliando a sua sombra e, consequentemente, contribuindo para o crescimento da sombra da humanidade.

Há uma experiência famosa, realizada em Stanford. Para entender melhor o comportamento das pessoas num sistema carcerário, psicólogos criaram as mesmas condições de uma prisão, dividindo os universitários em dois grupos: o grupo dos condenados e o grupo dos guardas. Disseram a eles que estavam livres para interpretar seus papéis da forma que quisessem e entendessem. O que aconteceu foi surpreendente: a experiência precisou ser interrompida depois de poucos dias! Os estudantes que interpretavam os guardas extrapolaram, maltratando o outro grupo de forma inaceitável, com humilhações e até abuso sexual!

Qual a conclusão?

Essa experiência mudou a antiga forma de pensar que fazia os psicólogos acreditarem na teoria da maçã ruim, ou seja: coloque uma maçã podre num cesto cheio de maçãs boas e logo as boas adoecerão.

“O bom-senso diz que um líder de gangue pode induzir seus seguidores passivos a cometerem crimes; trotes de faculdade vão longe demais porque um pequeno núcleo de maçãs ruins faz pressão sobre os outros. No entanto, a experiência de Stanford contou uma história oposta. Todos os participantes eram bons garotos, que estudavam numa prestigiada universidade. O deslize de comportamento não ocorreu porque eram maçãs ruins, mas porque estavam em más condições, o que permitiu que forças sombrias emergissem. O que os psicólogos estavam vendo era simplesmente uma incubadora da sombra, e as condições que favorecem o surgimento da violência grupal foram catalogadas”. (Do livro O Efeito Sombra)

Ou seja: podemos, em sã consciência, julgar alguém? Claro que não, mas fazemos isto o tempo todo. O tempo todo achamos que somos melhores, que somos imunes a isto e aquilo. Não olhamos com profundidade para nós mesmos, não temos o mínimo de autoconhecimento e simplesmente viramos o rosto para não encarar a própria sombra. Por quê? Porque dói olhar para a sombra. Dói saber que não sabemos, que somos ignorantes a respeito de nós mesmos.

A maior imoralidade é a ignorância do próprio eu. Nosso potencial jamais se revelará em plenitude enquanto desconhecido. Olhar a própria sombra, reconhecer que a sombra do outro, que a sombra da humanidade também é nossa é fundamental. Por não reconhecermos isto, estamos nos destruindo e destruindo o mundo ao nosso redor.

Não adianta apontar o dedo para o político corrupto se nós mesmos não somos capazes de mudar o nosso olhar. Olhar para si mesmo, olhar para dentro, reconhecer os erros, mudar os paradigmas, quebrar os preconceitos, este é o trabalho que estamos adiando, mas que agora chegou o momento inadiável.

Ou mudamos tudo, a partir de nós, ou a sombra criada pelo medo e pela ignorância nos engolirá. A bomba foi acionada e o pavio está visivelmente encurtando. Somente a nossa luz pode apagá-lo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Normose: você sofre desse mal?

"Deus me livre de ser normal." (Prof. Hermógenes)

Normose: "conceito de filosofia para se referir a normas, crenças e valores sociais que causam angústia e podem ser fatais, em outras palavras 'comportamentos normais de uma sociedade que causam sofrimento e morte'. Dessa forma os indivíduos que estão em perfeito acordo com a normalidade e fazem aquilo que é socialmente esperados acabam sofrendo, ficando doentes ou morrendo por conta das normoses. É comum justificar a manutenção de um comportamento não saudável por ser normal, algo que 'todo mundo faz', porém essa justificativa é falaciosa e acaba apenas perpetuando uma sociedade cheia de normoses". (Wikipédia) 

Reproduzimos, para reflexão, o texto que se segue:

“Ser ajustado a uma sociedade profundamente doente não é sinal de saúde”. (Jiddu Krishnamurti)

Alguns já estão familiarizados com o conceito de “normose” e também com o trabalho do educador e psicólogo francês Pierre Weil (1924-2008), Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris e autor de “A Neurose do Paraíso Perdido”, “Antologia do Êxtase” e “As Fronteiras da Evolução e da Morte”, mas talvez alguns ainda não estejam com a história pessoal que levou Pierre a se perceber um normótico em si mesmo e, a partir daí, a tomar um rumo diferente e a trabalhar profissionalmente, como psicólogo e palestrante, esse novo conceito. No texto abaixo, Pierre conta parte dessa história, fala de como saiu de uma infelicidade pessoal, de uma separação e de um câncer para o Tibete, para o ioga e para a fundação da UNIPAZ, a conhecida universidade da Paz fundada em Brasília em 1987.

Um dos problemas das correntes da normose é que elas são inconscientes e silenciosas. Mas, como Pierre afirma no texto abaixo, de sutis e fracas elas não tem nada: a normose é “um processo psicossociológico que ameaça a humanidade e as outras espécies vivas no planeta Terra, uma verdadeira fonte de sofrimentos e de tragédias, das mais diversas proporções”.

“A normose pode ser considerada como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir aprovados por um consenso ou pela maioria de pessoas de uma determinada sociedade, que levam a sofrimentos, doenças e mortes. Em outras palavras: que são patogênicas ou letais, executadas sem que os seus autores e atores tenham consciência da natureza patológica.” ~ Pierre Weil

“NORMOSE” [TRECHOS]
Por Pierre Weil

“(…) A maneira mais simples de fazê-los entender do que se trata será contando um pouco do que se passou comigo há algumas décadas. Isso nos levará, ao mesmo tempo, aos aspectos pessoais e sociais que levaram à criação do conceito de normose. Lembro-me da crise existencial pela qual passei aos trinta e três anos de idade. Com o conhecimento que tenho hoje, identifico-a como conseqüência de uma normose. Foi, tipicamente, a crise de um normótico que ainda não sabia nada a respeito da normose. Fazia prosa sem o saber, como diz um jargão popular.

Por que afirmo que eu era normótico? Minha crise ocorreu por eu ter procurado ser normal, de ter realizado o que uma sociedade recomendava e recomenda até hoje sobre o que é ser um homem bem-sucedido. A sociedade, por meio dos meus pais, moldara um ser humano bem-sucedido aos trinta e três anos. Um homem de sucesso porque eu tinha tudo: tinha a minha residência, tinha a minha casa de campo, tinha a minha piscina, tinha meu cargo na universidade, tinha o meu cargo junto ao presidente do maior banco da América Latina, tinha o meu consultório, tinha o meu livro best-seller, tinha entrevista na televisão, tinha, tinha, tinha, tinha… E minha normose era, justamente, ter. Havia introjetado toda uma civilização do ter. Eu tinha, tinha tudo e estava muito infeliz, não era um homem realizado. Conformado a este contexto, eu acabei tornando-me normótico.

Por quê? Porque eu segui a norma que me levou à patologia: a patologia moral – era profundamente infeliz; a patologia social – me divorciei porque, quando se está infeliz, culpam-se os outros; e uma patologia orgânica – a separação me levou a fazer um câncer. Então, já temos o conceito da normose: é o conjunto de hábitos considerados normais e que, na realidade, são patogênicos e nos levam à infelicidade e à doença. Embora resumida, é a definição que eu tenho seguido até hoje, muito útil e clara. Para sair da normose, deitei no divã do psicanalista e resolvi aprender e praticar ioga. Foi numa sessão de ioga que descobri a relatividade do conceito de normalidade. Vou contar a história, pois é muito ilustrativa. Todas as quartas-feiras à noite nosso grupo se reunia e o professor nos fazia relaxar, com música, e meditar. Depois, cada um relatava a sua experiência. Um dizia: eu vi um ser.

Outro: eu vi cores. Outro ainda dizia: eu vi formas. Um mais: eu tive uma inspiração maravilhosa. E, quando chegou minha vez, eu disse: gente! Eu estou tapado. Eu não estou vendo nada! Isso transcorreu durante um ano. Foi aí que comecei a observar a relatividade do conceito de normalidade: nesse grupo, todo mundo tinha visões e eu não. Então, o grupo era normal e eu era anormal. Lá fora, nos dois milhões de habitantes de Belo Horizonte, quase ninguém tinha visões. Então, eu era normal e o grupo era anormal. Foi quando comecei a cogitar sobre a relatividade do conceito de normalidade.

A fantasia da separatividade

O estudo da ioga me levou ao hinduísmo, ao budismo e ao conceito de maia. Constatei que essa nossa maneira de ver as coisas é uma fantasia. Mais tarde, eu a denominei de fantasia da separatividade.
Quando criamos a Universidade Holística, ao fazer o estudo da gênese da destruição da vida no planeta, descobrimos que sua raiz está em que consideramos a ilusão como normal. É um conceito provido de consenso social, que pode levar ao suicídio da humanidade. A isso se acrescentou, então, a noção de consenso: uma crença partilhada por uma maioria.

Os estudos de ioga me levaram a fazer um retiro com lamas tibetanos. Fui para esse retiro especialmente para entender por que os tibetanos insistiam Maia: termo sânscrito, que significa ilusão, em seu sentido mais geral. tanto no caráter do sonho em nossa vida cotidiana. Ou seja, a semelhança entre o estado de consciência de vigília e o onírico. E lá eu aprendi, por mim mesmo, por meio do sonho lúcido, que a nossa vida cotidiana é como se fosse um sonho. Não tem muita diferença não. E todos acreditam nesse sonho. Voltamos à noção de normose e de consenso.

Um dia, em 1986, ao sair do retiro tibetano, Jean-Yves Leloup me convidou para um simpósio sobre a normalidade, no Centro Internacional de Saint-Baume. O local era um tipo de universidade holística, com um ambiente como o da Unipaz, que ele dirigia, no sul da França. Lá se encontrava e podia ser visitada a gruta onde Maria Madalena se refugiou depois da passagem de Jesus. E lá, a seu pedido, proferi uma palestra sobre as anomalias da normalidade.

Então, surgiu a ideia de que a normalidade podia ser patológica e patogênica. Todo o seminário versou sobre a definição do que é normal, tarefa nada fácil. O que é normal, afinal? De qualquer forma, a criação do conceito de normose nos força a buscar definir o que não o é.

Um conceito que me trabalhou

Fiz uma experiência em que procurei colecionar todas as atribuições que se costuma fazer às pessoas julgadas anormais. Por exemplo: você é um i*****; você é um irresponsável; você é maligno, etc. Fiz uma coleção de umas trinta ou quarenta epítetos. Em seguida, traduzi-os ao seu contrário, pensando que, talvez dessa forma, poderia definir o que é normal. Para surpresa minha, saiu uma lista do que é um santo. Por esse procedimento empírico, um ser normal seria um santo. Será? Deixo a ideia para reflexão.

Depois disso, o conceito de normose ficou me trabalhando porque um conceito novo nos trabalha. De vez em quando, eu o usava nas palestras. Notei que, a cada vez que pronunciava a palavra normose, as pessoas riam muito. Percebi, então, que a reflexão estava mexendo com alguma coisa fundamental. Inquietava as pessoas. Pouco a pouco me dei conta, entretanto, que esse é um conceito fundamental em psicologia, em sociologia, em antropologia, em educação e nas demais disciplinas e áreas de atuação humana. Mais ainda: evidencia um processo psicossociológico que ameaça a humanidade e as outras espécies vivas no planeta Terra. Uma verdadeira fonte de sofrimentos e de tragédias, das mais diversas proporções. Foi quando realizei uma primeira classificação das normoses. E continuo descobrindo outras em minhas reflexões cotidianas. (…)

A característica comum a todas as formas de normoses é seu caráter automático e inconsciente. Podemos falar, no caso, do espírito de rebanho. A maior parte dos seres humanos, talvez por preguiça e comodidade, segue o exemplo da maioria. Pertencer à minoria é tornar-se vulnerável, expor-se à crítica. Por comodismo, as pessoas seguem ou repetem o que dizem os jornais; já que está impresso, deve estar certo! Quantas pessoas aderem a uma ideologia, religião ou partido político só porque está na moda ou para ser bem vistas pelos demais?

Uma maneira disfarçada de manipular as opiniões e mudar os sistemas de valores é anunciar que são adotados pela maioria da população. Nesse sentido, toda normose é uma forma de alienação. Facilita a instalação de regimes totalitários ou sistemas de dominação. (…)

A tomada de consciência da normose e de suas causas constitui a verdadeira terapia para a crise contemporânea.”

Fonte: