quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Mensagem Indígena de Otimismo

“Eu gostaria de partilhar essas profecias, porque elas nos ajudarão a olhar para o futuro com esperança, ao invés de encará-lo com desânimo e tristeza.

Nossa Mãe Terra nunca destruiu todos os Filhos da Terra em qualquer dos quatro mundos anteriores, e também não é desta vez que fará isso. Aprendi que, ao final de cada mundo, a circunferência da Terra expandiu-se, criando novas massas de terra e eliminando outras. A cada vez aqueles dentre seus filhos mais leais, que conseguiam ler os sinais que lhe eram enviados, encontravam lugares seguros para viver. (...)

A Profecia do Berço fala do nascimento de milhares de Guerreiros do Arco-Íris, que verão se manifestar o sonho do Quinto Mundo de Paz. Estamos vivendo este processo agora, nesta era que os Ancestrais denominavam Tempo do Búfalo Branco. Esta é a época na qual os ensinamentos estão sendo transmitidos a todos aqueles que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver. A profecia declara que esses Guerreiros do Arco-Íris se recordarão de sua herança e a utilizarão para o BEM de todos os Filhos da Terra. (...)

Muitas pessoas que se desligaram da Mãe Terra e não sabem mais como plantar o seu próprio alimento precisarão aprender a fazê-lo. As pessoas que não conhecem o valor curativo das plantas passarão a depender de outras que já reconhecem este valor.

A capacidade de reagir às mudanças está calcada na capacidade pessoal de Partilhar e de Servir. Este é o momento de iniciar o processo de aprendizado que nos permitirá voltar a aprender as pródigas lições que a Mãe Terra propicia, para que as futuras gerações possam receber os sistemas de conhecimento necessários a uma vida harmoniosa. (...)
O Tempo do Búfalo Branco verá acontecer muitas maravilhas, já que os governos não controlarão mais as ações dos Filhos da Terra e a união entre os povos voltará a ser fortalecida.(...)

Nós só podemos proteger o FUTURO reagindo ao AGORA, ou seja, ao PRESENTE.”

* Sabedoria Indígena norte-americana (nação Dakota)

* Agradecendo à minha amiga Marilu Martinelli o envio.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A Sombra de Todos Nós

"Algo que ocultávamos nos enfraquecia, até percebermos que esse algo éramos nós mesmos.” – Robert Frost

Volto a falar sobre este tema, a sombra, por considerar o trabalho com a própria sombra, para o buscador do conhecimento supremo (o conhecimento de si mesmo), muito mais produtivo e revelador do que qualquer outra prática espiritual, seja ela qual for.

O que é a sombra?

“Por sombra, quero dizer o lado ‘negativo’ da personalidade, a soma de todas aquelas qualidades desagradáveis que preferimos ocultar, junto com as funções insuficientemente desenvolvidas e o conteúdo do inconsciente pessoal.” (Jung, num dos seus ensaios sobre a psicologia do inconsciente).

“Nossa sombra é feita de pensamentos, emoções e impulsos que julgamos excessivamente dolorosos, constrangedores ou desagradáveis de aceitar. Portanto, em vez de lidar com eles, nós os reprimimos – e os lacramos em alguma parte de nossa psique, para que não seja preciso sentir o peso e a vergonha que carregamos por conta deles.” (Debbie Ford)

Self inferior, eu reprimido, alter ego, id. Muitas são as denominações. Para começo de conversa: tudo aquilo que tem substância tem sombra. Nosso ego faz um contraponto com a sombra, da mesma forma que a luz faz um contraponto com as trevas. Por mais que nos julguemos perfeitos, por mais que tentemos fechar os nossos olhos internos, todos nós temos, sim, uma sombra. Não queremos olhar para ela porque ela assusta, é feia, e não queremos que desmorone a nossa autoimagem tão cuidadosamente elaborada ao longo do tempo... imagem erguida com nosso suor, nosso sangue, nossas lágrimas.

As descobertas sobre a sombra começaram com os estudos de Freud e Carl Jung. Bem-humoradamente, Jung disse que, de forma intuitiva, todos nós compreendemos o significado das expressões sombra, personalidade inferior ou alter ego. E que, se por acaso alguém esqueceu, “sua memória pode ser facilmente refrescada por um sermão de domingo, por sua esposa ou pelo coletor de impostos”. Sim, um simples coletor de impostos pode ser a “topada” que deflagra o pior que há em nós.

“Puxa, eu estava tão bem... tinha acabado de fazer minha meditação, ao som de uma música celestial... e aí alguém tocou a campainha e me entregou um envelope. Era um aviso de multa. Que droga! Espumei de raiva e soltei até um palavrão!” E num segundo, toda a “paz” e todo “amor” trazidos pela meditação foram eclipsados pelo “filho da... que tá querendo meter a mão no meu bolso!”

Topadas são testes reveladores da sombra que guardamos a sete chaves para que ninguém veja. Mostrando que aquela “paz” não era, ainda, a Paz, ou seja, aquele estado de equanimidade mental propalado pelos mestres, onde os eventos externos perdem o seu poder de nos afastar do equilíbrio interno.

Quer tenhamos consciência disto ou não, o Poder Divino, ou Amor Cósmico Universal, ou Eu Superior (chame-o como quiser), está nos movendo em direção à Luz. Quando a parte mais densa da nossa personalidade reage e empanca, as topadas aparecem. As topadas da vida vêm de muitos lados, e são uma fonte educativa. Elas vêm para nos dar um reimpulso em direção à Fonte Cósmica de onde viemos. As topadas nunca deveriam ser vistas como empecilhos e sim como oportunidades de autoconhecimento e evolução espiritual.

Sem autoconhecimento não há espiritualidade, só pseudo-espiritualidade. E caminhos para o autoconhecimento são inúmeros, mas nenhum deles será eficiente enquanto não decidirmos enfrentar a nossa sombra. Nenhum deles será de ajuda enquanto alimentarmos essa bolha de ilusão que nos leva a acreditar que somos justos e perfeitos e não temos sombra. 

O trabalho com a sombra nos liberta da consciência de manada e conduz a vida neste planeta a uma vibração mais elevada, deixando para trás este jardim da infância das emoções.

Como olhar para si mesmo é uma tarefa extremamente árdua, a maioria de nós prefere adiá-la. É mais fácil enveredar por essa miríade de caminhos espirituais que alimentam o autoengano e nos mantêm engaiolados, seguindo o pensamento dos outros como ingênuos cordeirinhos; é mais fácil continuar com o dedo apontado para fora; é mais fácil continuar alimentando e multiplicando esse gigante e assustador festival de superficialidades que é a nossa sociedade contemporânea.

Temos medo do material escuro que escondemos dentro de nós mesmos, por isso optamos por negá-lo. No entanto, o monstro assustador só faz crescer, porque a sombra negada individualmente é agregada à sombra negada de todas as pessoas, transformando-se numa descomunal sombra coletiva. E a grande sombra coletiva se materializa em quê? Em sofrimento, desarmonia, intrigas, guerra, caos. O poder destrutivo da sociedade de massa é imenso. Aí está a História para comprovar, com seus massacres e horrores. E com a manipulação global dos grandes grupos em prol de interesses econômicos obscuros.

Esse poder, entretanto, é nada em comparação à Luz. Acenderemos o interruptor interno para enxergar as nossas trevas? Ou continuaremos imersos na ilusão de que somos invariavelmente bons e as guerras nada têm a ver conosco e sim, com "os outros"?

(Vale aqui um adendo: devemos compreender por guerra não somente acionar uma metralhadora ou uma bomba atômica. Guerra é tudo aquilo que nos faz desviar o olhar do nosso irmão; é a falta de compreensão com quem está perto; a insensibilidade diante do sofrimento; a frieza diante das injustiças; os maus pensamentos: a mente sem controle, a nos enredar em julgamentos e superficialidades).

“Sombra, eu?” – sussurra o ego. “Eu só faço o bem, sou uma pessoa amorosa, justa, fico aqui no meu canto...”

Deepak Chopra diz: “Se você não pode enxergar a própria sombra, precisa procurá-la. A sombra se esconde na vergonha, nos becos escuros, nas passagens secretas e nos sótãos fantasmagóricos de sua consciência. Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo”.

Ressaltando: "Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo".

“Lidar com a nossa sombra é algo complexo, porém, é uma jornada garantida de volta ao amor. Não apenas o amor pelos outros, mas o amor por cada característica que vive dentro de você e dentro de mim – um amor que nos permite abraçar a riqueza de nossa humanidade e a plenitude de nossa divindade”, explica Debbie Ford. Ela também diz:

“Onde não há amor, há medo. E o medo, depois de se apossar da mente, é como um vício que ameaça esmagar a alma. Então, é essa coisa que chamamos de sombra. Ela não aparece na vida da maioria de nós; é um fogo gigantesco, mas arde como brasa lenta. É você, ao fazer uma afirmação tola, magoando alguém que ama e possivelmente arruinando um relacionamento. Ou você, quando faz algo imbecil que sabota a carreira profissional. Ou você, ao pegar um drinque, sabendo que é alcoólatra e que, se continuar, isso vai matá-lo. Em outras palavras, é aquele você, dentro de você, que não deseja seu bem. É a sombra, e ela só pode ser eliminada se você deixar brilhar a sua luz. (...) Quando estamos vivendo em alinhamento com o self verdadeiro, conforme Deus nos criou, recebemos amor constantemente, e o estendemos da mesma forma como o recebemos. Isso é o que significa viver na luz.”

Hércules
Podemos adiar o quanto quisermos. Podemos continuar na prisão do medo, podemos encontrar conforto na bolha ilusória que muitas religiões oferecem, podemos perpetuar nossa ignorância abissal sobre nós mesmos através do velho hábito de refletir no outro nossos problemas e nossas insatisfações. Mas chegará o dia, cedo ou tarde, em que, a exemplo de Hércules, teremos de lavar nosso próprio estábulo. 

Feito isto, viveremos na luz e compreenderemos, finalmente, que somos todos um e nada temos a temer, pois a luz daquele que desperta é capaz de iluminar o universo inteiro. 


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Dia da Terra 2015

Mais um Dia Mundial da Terra. Sofrido planeta. Há muito mais a refletir do que comemorar. Refletir e agir. Não temos muito tempo. A raça humana tem destruído os recursos terrenos de forma feroz e inconsciente.

Deixemos que a sabedoria indígena desperte em nós o amor por este planeta que nos sustenta:


“Nós não herdamos a Terra de nossos antecessores, nós a pegamos  emprestada de nossas crianças.”

 “A primeira paz, que é a mais importante, é aquela que vem de dentro das almas das pessoas quando elas percebem seu relacionamento, sua unidade com o universo e todos os seus poderes, e quando elas percebem que no centro do Universo habita o Grande Espírito, e que este centro está realmente em todos os lugares, e está dentro de cada um de nós."

"Se falar com os animais eles falarão consigo e vocês vão-se conhecer um ao outro. Se não falar com eles, não os conhecerá, e o que não se conhece, teme-se. E aquilo que tememos, destruímos." 

“Não basta falar sobre a paz. É preciso pensar, sentir, agir e viver em paz.”

“Tudo na Terra tem um propósito: cada doença, uma erva para curar; cada pessoa, uma missão a cumprir. Esta é a concepção dos índios sobre a existência.”

“Quando o homem se afasta da natureza o seu coração fica difícil.”

Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro."

Acesse o vídeo: https://vimeo.com/125690482

quarta-feira, 11 de março de 2015

O Vírus do Fundamentalismo - ou - Nada é Fixo no Universo, Inclusive (e Principalmente) Nossas Ideias

“Somos máquinas de produzir realidade. Criamos constantemente os efeitos da realidade. Se tiramos informação de uma base de conhecimentos pequena, temos uma realidade pequena. Se temos uma base de conhecimento ampla, temos uma realidade ampla.” – Joe Dispenza, doutor em bioquímica.

Não é brincadeira. O vírus do fundamentalismo existe, é poderoso e nenhum de nós está imune ao seu contágio. Para pegá-lo, basta aferrar-se a uma ideologia. Qualquer uma. Seja espiritual, étnico ou político, o fundamentalismo é perigosíssimo para o autêntico buscador do autoconhecimento (a única tarefa que nos leva a encarnar, no final das contas, é a busca de si mesmo), porque ele fecha as possibilidades de ver além. Ele encarcera você numa “verdade” que, por mais fascinante e atraente que possa parecer, é apenas uma das infinitas maneiras de ver e ser no mundo. Pois não existe a chamada “verdade absoluta”. Mas o fundamentalista só vê a sua fração de verdade como a “verdade absoluta”. 

Aí, como diz um grande amigo, não tem jeito, você “entra no cubo”. “Entrar no cubo” significa que você aceita se encarcerar, você aceita reduzir e estreitar seus limites, para que suas certezas caibam no seu pequeno mundinho quadrado.

Aceitar uma verdade como inquestionável é o maior entrave do buscador, do ser livre. Mais - é a morte do espírito. 

Nós nos acostumamos a relacionar o termo ao chamado "fundamentalismo islâmico", mas eu me arrisco a dizer que o fundamentalismo mais pernicioso é aquele sutil, que nos impulsiona a tomar pequenas atitudes venenosas no cotidiano. Aquele fundamentalismo sutil que penetra em nossos pensamentos e nos faz decretar que estamos invariavelmente certos. Aquele fundamentalismo que não admite uma mudança de ideia, uma retomada de atitudes, uma correção de rumo. Esse tipo de fundamentalismo que nos leva a defender um ponto de vista até as últimas consequências. Que não aceita a troca de ideias, o diálogo. Que não abre um pouquinho que seja a mente, porque não aceita pontos de vista divergentes. 

Hoje, com as descobertas alucinantes da física quântica, podemos compreender que inexiste uma realidade objetiva, independente do observador. O olhar do observador interage com o objeto observado e o objeto observado pode mudar o comportamento ao ser observado! Isto não é ficção, isto é física moderna!

Enquanto nos aferramos às nossas ideias, por mais altruístas que possam parecer, mais distantes ficamos da onda renovadora que nos impele rumo à profundidade das nossas almas. Ficamos na superficialidade. Transformamo-nos em zumbis, mortos interiormente.

A quântica nos revela dimensões paralelas e nos convida a quebrarmos nossos paradigmas, para que nos lancemos além do universo das aparências, quebrando opiniões, certezas, dogmas e fundamentos. Provando-nos que nada é fixo na matéria, sequer ela própria.

Tudo se move, tudo gira, tudo muda, nada é o que parece ser. Esta deveria ser a primeira lição do buscador. E a sua única certeza.

“O mundo observado é apenas uma aparência; na realidade, nem sequer existe.” – Erwin Schrödinger, Nobel da Física.

Acesse nosso blog: http://quanticaevedas.blogspot.com

terça-feira, 10 de março de 2015

A Sombra e a Crise Moral

“Valores morais e espirituais precisam ser honrados com a mesma intensidade, ou mesmo mais, que os valores econômicos e materiais. A vida deve ser uma mistura harmoniosa desses valores, com ênfase na força moral. A honra de uma nação depende de sua moralidade. Uma nação sem moralidade está predestinada ao desastre.” – Sathya Sai Baba

Toda a crise que vemos no mundo, hoje, é uma crise moral. O Brasil se afoga na corrupção, os Estados Unidos exportam seu modelo de ultraconsumismo, a China explora seus trabalhadores e debate-se no meio de uma poluição ambiental insustentável... e por aí vai.

O que leva um homem público a ser corrupto? Falta de valores humanos. O que leva um país inteiro (ou países inteiros, já que o problema é global) a desrespeitar o meio ambiente onde vive? Falta de valores humanos.

E ainda nos assombramos com os acontecimentos do dia a dia?

O que estamos fazendo? Estamos educando nossas crianças no caminho correto? Estamos dando a elas o exemplo de que o amor, a dignidade, a honestidade, o respeito valem mais do que a dita “esperteza”? Estamos explicando a elas que a mania de “levar vantagem em tudo” é perniciosa a longo prazo? Estamos mostrando a elas que o comportamento fraterno, sem competição, é o único capaz de nos elevar como pessoas e como sociedade? Estamos desestimulando nelas a ânsia pelo consumismo?

Nada disso. Estamos até sem tempo de ensinar alguma coisa aos nossos filhos. Estamos terceirizando a educação, deixando que a internet, junto com a TV e as babás, façam por nós aquilo que é obrigação nossa. O que se espera de uma criança que passa o dia diante da televisão ou acessando todo o tipo de lixo na internet? Valores humanos? Zero. Moralidade? Zero.

É o nosso modelo de civilização. É a sombra da humanidade, que cresce progressivamente, à medida em que não se quer olhar para ela. Não queremos ver os erros, apenas seguimos em frente com eles.

Os políticos que elegemos são projeções nossas, nada mais do que projeções. Se desconhecemos nossa própria sombra e, por isso, desconhecemos a nós mesmos, como vamos reconhecer o eu farsante do outro?

Mahatma Gandhi disse: “O problema do mundo é que a humanidade não está em seu juízo perfeito”. E não percebemos que estamos loucos. E por não percebermos, não lutamos pela nossa sanidade.

O famoso filósofo Krishnamurthi estava dando uma palestra quando lhe perguntaram: “Quero ver a paz no mundo. Detesto a guerra. O que devo fazer para promover a paz?” Krishnamurthi simplesmente respondeu: “Pare de ser a causa da guerra. Dentro de você está a causa de todas as guerras. É sua violência, oculta e negada, que conduz às guerras de todo tipo, seja dentro de seu lar, contra outros da sociedade ou entre nações”.

Duvida?

Todas as vezes em que você pensar: “Sou muito melhor do que essas pessoas”; “criminosos são desumanos”; “sou um exemplo”, você está ampliando a sua sombra e, consequentemente, contribuindo para o crescimento da sombra da humanidade.

Há uma experiência famosa, realizada em Stanford. Para entender melhor o comportamento das pessoas num sistema carcerário, psicólogos criaram as mesmas condições de uma prisão, dividindo os universitários em dois grupos: o grupo dos condenados e o grupo dos guardas. Disseram a eles que estavam livres para interpretar seus papéis da forma que quisessem e entendessem. O que aconteceu foi surpreendente: a experiência precisou ser interrompida depois de poucos dias! Os estudantes que interpretavam os guardas extrapolaram, maltratando o outro grupo de forma inaceitável, com humilhações e até abuso sexual!

Qual a conclusão?

Essa experiência mudou a antiga forma de pensar que fazia os psicólogos acreditarem na teoria da maçã ruim, ou seja: coloque uma maçã podre num cesto cheio de maçãs boas e logo as boas adoecerão.

“O bom-senso diz que um líder de gangue pode induzir seus seguidores passivos a cometerem crimes; trotes de faculdade vão longe demais porque um pequeno núcleo de maçãs ruins faz pressão sobre os outros. No entanto, a experiência de Stanford contou uma história oposta. Todos os participantes eram bons garotos, que estudavam numa prestigiada universidade. O deslize de comportamento não ocorreu porque eram maçãs ruins, mas porque estavam em más condições, o que permitiu que forças sombrias emergissem. O que os psicólogos estavam vendo era simplesmente uma incubadora da sombra, e as condições que favorecem o surgimento da violência grupal foram catalogadas”. (Do livro O Efeito Sombra)

Ou seja: podemos, em sã consciência, julgar alguém? Claro que não, mas fazemos isto o tempo todo. O tempo todo achamos que somos melhores, que somos imunes a isto e aquilo. Não olhamos com profundidade para nós mesmos, não temos o mínimo de autoconhecimento e simplesmente viramos o rosto para não encarar a própria sombra. Por quê? Porque dói olhar para a sombra. Dói saber que não sabemos, que somos ignorantes a respeito de nós mesmos.

A maior imoralidade é a ignorância do próprio eu. Nosso potencial jamais se revelará em plenitude enquanto desconhecido. Olhar a própria sombra, reconhecer que a sombra do outro, que a sombra da humanidade também é nossa é fundamental. Por não reconhecermos isto, estamos nos destruindo e destruindo o mundo ao nosso redor.

Não adianta apontar o dedo para o político corrupto se nós mesmos não somos capazes de mudar o nosso olhar. Olhar para si mesmo, olhar para dentro, reconhecer os erros, mudar os paradigmas, quebrar os preconceitos, este é o trabalho que estamos adiando, mas que agora chegou o momento inadiável.

Ou mudamos tudo, a partir de nós, ou a sombra criada pelo medo e pela ignorância nos engolirá. A bomba foi acionada e o pavio está visivelmente encurtando. Somente a nossa luz pode apagá-lo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Normose: você sofre desse mal?

"Deus me livre de ser normal." (Prof. Hermógenes)

Normose: "conceito de filosofia para se referir a normas, crenças e valores sociais que causam angústia e podem ser fatais, em outras palavras 'comportamentos normais de uma sociedade que causam sofrimento e morte'. Dessa forma os indivíduos que estão em perfeito acordo com a normalidade e fazem aquilo que é socialmente esperados acabam sofrendo, ficando doentes ou morrendo por conta das normoses. É comum justificar a manutenção de um comportamento não saudável por ser normal, algo que 'todo mundo faz', porém essa justificativa é falaciosa e acaba apenas perpetuando uma sociedade cheia de normoses". (Wikipédia) 

Reproduzimos, para reflexão, o texto que se segue:

“Ser ajustado a uma sociedade profundamente doente não é sinal de saúde”. (Jiddu Krishnamurti)

Alguns já estão familiarizados com o conceito de “normose” e também com o trabalho do educador e psicólogo francês Pierre Weil (1924-2008), Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris e autor de “A Neurose do Paraíso Perdido”, “Antologia do Êxtase” e “As Fronteiras da Evolução e da Morte”, mas talvez alguns ainda não estejam com a história pessoal que levou Pierre a se perceber um normótico em si mesmo e, a partir daí, a tomar um rumo diferente e a trabalhar profissionalmente, como psicólogo e palestrante, esse novo conceito. No texto abaixo, Pierre conta parte dessa história, fala de como saiu de uma infelicidade pessoal, de uma separação e de um câncer para o Tibete, para o ioga e para a fundação da UNIPAZ, a conhecida universidade da Paz fundada em Brasília em 1987.

Um dos problemas das correntes da normose é que elas são inconscientes e silenciosas. Mas, como Pierre afirma no texto abaixo, de sutis e fracas elas não tem nada: a normose é “um processo psicossociológico que ameaça a humanidade e as outras espécies vivas no planeta Terra, uma verdadeira fonte de sofrimentos e de tragédias, das mais diversas proporções”.

“A normose pode ser considerada como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir aprovados por um consenso ou pela maioria de pessoas de uma determinada sociedade, que levam a sofrimentos, doenças e mortes. Em outras palavras: que são patogênicas ou letais, executadas sem que os seus autores e atores tenham consciência da natureza patológica.” ~ Pierre Weil

“NORMOSE” [TRECHOS]
Por Pierre Weil

“(…) A maneira mais simples de fazê-los entender do que se trata será contando um pouco do que se passou comigo há algumas décadas. Isso nos levará, ao mesmo tempo, aos aspectos pessoais e sociais que levaram à criação do conceito de normose. Lembro-me da crise existencial pela qual passei aos trinta e três anos de idade. Com o conhecimento que tenho hoje, identifico-a como conseqüência de uma normose. Foi, tipicamente, a crise de um normótico que ainda não sabia nada a respeito da normose. Fazia prosa sem o saber, como diz um jargão popular.

Por que afirmo que eu era normótico? Minha crise ocorreu por eu ter procurado ser normal, de ter realizado o que uma sociedade recomendava e recomenda até hoje sobre o que é ser um homem bem-sucedido. A sociedade, por meio dos meus pais, moldara um ser humano bem-sucedido aos trinta e três anos. Um homem de sucesso porque eu tinha tudo: tinha a minha residência, tinha a minha casa de campo, tinha a minha piscina, tinha meu cargo na universidade, tinha o meu cargo junto ao presidente do maior banco da América Latina, tinha o meu consultório, tinha o meu livro best-seller, tinha entrevista na televisão, tinha, tinha, tinha, tinha… E minha normose era, justamente, ter. Havia introjetado toda uma civilização do ter. Eu tinha, tinha tudo e estava muito infeliz, não era um homem realizado. Conformado a este contexto, eu acabei tornando-me normótico.

Por quê? Porque eu segui a norma que me levou à patologia: a patologia moral – era profundamente infeliz; a patologia social – me divorciei porque, quando se está infeliz, culpam-se os outros; e uma patologia orgânica – a separação me levou a fazer um câncer. Então, já temos o conceito da normose: é o conjunto de hábitos considerados normais e que, na realidade, são patogênicos e nos levam à infelicidade e à doença. Embora resumida, é a definição que eu tenho seguido até hoje, muito útil e clara. Para sair da normose, deitei no divã do psicanalista e resolvi aprender e praticar ioga. Foi numa sessão de ioga que descobri a relatividade do conceito de normalidade. Vou contar a história, pois é muito ilustrativa. Todas as quartas-feiras à noite nosso grupo se reunia e o professor nos fazia relaxar, com música, e meditar. Depois, cada um relatava a sua experiência. Um dizia: eu vi um ser.

Outro: eu vi cores. Outro ainda dizia: eu vi formas. Um mais: eu tive uma inspiração maravilhosa. E, quando chegou minha vez, eu disse: gente! Eu estou tapado. Eu não estou vendo nada! Isso transcorreu durante um ano. Foi aí que comecei a observar a relatividade do conceito de normalidade: nesse grupo, todo mundo tinha visões e eu não. Então, o grupo era normal e eu era anormal. Lá fora, nos dois milhões de habitantes de Belo Horizonte, quase ninguém tinha visões. Então, eu era normal e o grupo era anormal. Foi quando comecei a cogitar sobre a relatividade do conceito de normalidade.

A fantasia da separatividade

O estudo da ioga me levou ao hinduísmo, ao budismo e ao conceito de maia. Constatei que essa nossa maneira de ver as coisas é uma fantasia. Mais tarde, eu a denominei de fantasia da separatividade.
Quando criamos a Universidade Holística, ao fazer o estudo da gênese da destruição da vida no planeta, descobrimos que sua raiz está em que consideramos a ilusão como normal. É um conceito provido de consenso social, que pode levar ao suicídio da humanidade. A isso se acrescentou, então, a noção de consenso: uma crença partilhada por uma maioria.

Os estudos de ioga me levaram a fazer um retiro com lamas tibetanos. Fui para esse retiro especialmente para entender por que os tibetanos insistiam Maia: termo sânscrito, que significa ilusão, em seu sentido mais geral. tanto no caráter do sonho em nossa vida cotidiana. Ou seja, a semelhança entre o estado de consciência de vigília e o onírico. E lá eu aprendi, por mim mesmo, por meio do sonho lúcido, que a nossa vida cotidiana é como se fosse um sonho. Não tem muita diferença não. E todos acreditam nesse sonho. Voltamos à noção de normose e de consenso.

Um dia, em 1986, ao sair do retiro tibetano, Jean-Yves Leloup me convidou para um simpósio sobre a normalidade, no Centro Internacional de Saint-Baume. O local era um tipo de universidade holística, com um ambiente como o da Unipaz, que ele dirigia, no sul da França. Lá se encontrava e podia ser visitada a gruta onde Maria Madalena se refugiou depois da passagem de Jesus. E lá, a seu pedido, proferi uma palestra sobre as anomalias da normalidade.

Então, surgiu a ideia de que a normalidade podia ser patológica e patogênica. Todo o seminário versou sobre a definição do que é normal, tarefa nada fácil. O que é normal, afinal? De qualquer forma, a criação do conceito de normose nos força a buscar definir o que não o é.

Um conceito que me trabalhou

Fiz uma experiência em que procurei colecionar todas as atribuições que se costuma fazer às pessoas julgadas anormais. Por exemplo: você é um i*****; você é um irresponsável; você é maligno, etc. Fiz uma coleção de umas trinta ou quarenta epítetos. Em seguida, traduzi-os ao seu contrário, pensando que, talvez dessa forma, poderia definir o que é normal. Para surpresa minha, saiu uma lista do que é um santo. Por esse procedimento empírico, um ser normal seria um santo. Será? Deixo a ideia para reflexão.

Depois disso, o conceito de normose ficou me trabalhando porque um conceito novo nos trabalha. De vez em quando, eu o usava nas palestras. Notei que, a cada vez que pronunciava a palavra normose, as pessoas riam muito. Percebi, então, que a reflexão estava mexendo com alguma coisa fundamental. Inquietava as pessoas. Pouco a pouco me dei conta, entretanto, que esse é um conceito fundamental em psicologia, em sociologia, em antropologia, em educação e nas demais disciplinas e áreas de atuação humana. Mais ainda: evidencia um processo psicossociológico que ameaça a humanidade e as outras espécies vivas no planeta Terra. Uma verdadeira fonte de sofrimentos e de tragédias, das mais diversas proporções. Foi quando realizei uma primeira classificação das normoses. E continuo descobrindo outras em minhas reflexões cotidianas. (…)

A característica comum a todas as formas de normoses é seu caráter automático e inconsciente. Podemos falar, no caso, do espírito de rebanho. A maior parte dos seres humanos, talvez por preguiça e comodidade, segue o exemplo da maioria. Pertencer à minoria é tornar-se vulnerável, expor-se à crítica. Por comodismo, as pessoas seguem ou repetem o que dizem os jornais; já que está impresso, deve estar certo! Quantas pessoas aderem a uma ideologia, religião ou partido político só porque está na moda ou para ser bem vistas pelos demais?

Uma maneira disfarçada de manipular as opiniões e mudar os sistemas de valores é anunciar que são adotados pela maioria da população. Nesse sentido, toda normose é uma forma de alienação. Facilita a instalação de regimes totalitários ou sistemas de dominação. (…)

A tomada de consciência da normose e de suas causas constitui a verdadeira terapia para a crise contemporânea.”

Fonte:

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Convocação Mundial Pela Paz

Com o fim de ajudar o nosso planeta e todos os seus habitantes a trazer Luz ao Novo Mundo que deverá surgir, convoco a todos os que desejam servir à Luz, a todos os que, como nós, sentem a necessidade de afirmar o compromisso de vibrar e de sustentar permanentemente essa nova energia, em sua máxima intensidade.

Trata-se de uma iniciativa urgente e vital para criar as condições necessárias para o salto quântico que permitirá trazer a Luz a nós mesmos e, em última análise, ao mundo em que vivemos. Para tanto, basta afirmar com plena convicção, em voz alta, de coração aberto e com total comprometimento:

“EM NOME DA ESSÊNCIA QUE ME HABITA, EU MANIFESTO, AQUI E AGORA, A INTENÇÃO DE FAZER REINAR PERMANENTEMENTE O AMOR, A PAZ E A ALEGRIA, EM MIM E AO MEU REDOR, PARA O MEU MAIS ELEVADO BENEFÍCIO E O MAIS ELEVADO BENEFÍCIO DE TODOS.”

Para que a afirmação produza efeito, faz-se necessário vivenciar e vibrar essa frequência emocional de um modo intencional constante e intenso, inteiramente focado e, naturalmente, agir em plena consonância com ela.

Este compromisso deve ser cumprido por um mínimo de 21 DIAS SEGUIDOS, o que possibilitará criar e ativar os circuitos neurais e energéticos necessários.

Durante esses 21 DIAS, deve-se repetir, ao longo do dia, o mais frequentemente possível, “SOU AMOR, PAZ e  ALEGRIA”, sentindo, ao mesmo tempo, as emoções correspondentes, vivendo-as efetivamente e manifestando-as em nós mesmos e à nossa volta.

Os resultados serão extraordinários porque quando alguém, durante 21 dias, consegue viver e vibrar em alinhamento com a energia positiva e com a determinação de não julgar os outros, isso sobrepujará a negatividade de muitas pessoas.

Aquele que, durante 21 dias, conseguir viver e vibrar em alinhamento com a energia do Amor e da aceitação e  respeito ao próximo, e para com tudo o que existe, sobrepujará a negatividade de muitas  pessoas.

E aquele que, durante 21 dias, conseguir viver e vibrar em alinhamento com a energia da Iluminação, da Paz infinita e da Alegria interior, sobrepujará a negatividade de uma boa parte da humanidade, que vive em níveis mais baixos de energia.

21 dias é o tempo suficiente para que uma transformação efetivamente ocorra de modo irreversível. É um tempo bem curto e vale muito a pena nisso colocarmos o nosso mais constante e consciente empenho.

TODA A CRIAÇÃO AGRADECE POR ANTECIPAÇÃO A TUA ENTREGA.

Agradeço por compartilhar esta mensagem tão rapidamente quanto seja possível, e com o maior número possível de pessoas. Mas, principalmente, agradeço o seu propósito de se entregar de coração aberto a esta fantástica  e renovadora experiência.

Qualquer tradução que respeite a essência do conteúdo é muito bem vinda.

PAZ E LUZ!

Dr. Wayne W. Dyer

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Arrogância em Tempos de Eleição

“Não há necessidade de consultar um psicólogo para saber que quando você denigre o outro é porque você mesmo não consegue crescer e precisa que o outro seja rebaixado para você se sentir alguém.” 
(Papa Francisco)

“Ignorância e arrogância são duas irmãs inseparáveis, com um só corpo e alma.”
(Giordano Bruno)

O patrulhamento ideológico não é fácil. Em época de eleição, é só o que se vê. Alguém me enviou uma matéria de Ricardo Mota com o título “A eleição pôs luz sobre um Brasil obscuro”, onde o escritor fala sobre a nossa intolerância cotidiana, que veio à tona nas eleições presidenciais, especialmente no segundo turno. Preconceito, racismo, falta de solidariedade, tudo isto preponderou.

Ora, a baixaria já vem como exemplo dos próprios candidatos. Diz o autor: “A disputa presidencial serviu para suprir o profundo vazio que os tempos nos impõem. O ódio, como sói acontecer, uniu mais do que a solidariedade – o que está longe de ser uma manifestação social saudável.” E, mais adiante, continua: “O que vimos por esses dias de segundo turno, principalmente, foi a replicação do nosso comportamento nas coisas mais banais do dia a dia: no trânsito, no ambiente de trabalho, no supermercado e até na família.”

Recentemente, num evento familiar, na véspera da eleição, encontrei dificuldades em evitar assuntos políticos, tal a insistência de alguns convidados. E ainda tive de escutar acusações (ditas de forma brincalhona, é claro), por me posicionar diferentemente de uma parte dos meus familiares. Isto chama-se arrogância, falta de humildade. Isto é o mesmo que dizer: “estamos certos e você, errada”.

No Facebook, desfiz uma ou duas “amizades”. Não porque as pessoas externaram pensamento diferente do meu, longe disso. Desfiz porque não suporto amizade onde me sinto invadida, onde sinto que minhas ideias não foram respeitadas da mesma forma que procuro respeitar as opiniões alheias. Há várias maneiras de discordar do outro. Discordar escutando os motivos  alheios é saudável e elegante. Mas o que ainda predomina é a discordância invasiva, grosseira, indelicada. É esta discordância invasiva que cria divisões e preconceito.

Por aí se vê como estamos longe de estabelecer relações civilizadas. Não fizemos o dever de casa mais primário, que é o de podar nosso ego, a arrogância nossa de cada dia.

O texto de Mota termina assim: “O Brasil já avançou muito, não o suficiente para fazer da verdadeira cordialidade e do respeito entre os que habitam um território espetacularmente belo e diverso o comportamento dominante, que forja uma grande nação. Civilidade não se compra no shopping da esquina. Não por acaso, uma rima fácil para felicidade. E como cantou Tom Jobim, em Wave: ‘É impossível ser feliz sozinho’.”

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Reflexão Sobre Sombra e Eleições

As eleições estão na porta. Uma alegria, um dever cívico que se transforma em agonia. Como se alegrar diante da política partidária que vem sendo praticada? Como se alegrar e se entusiasmar com candidatos presos a esquemas, ligados a alianças espúrias?

Olho para o horizonte e não vislumbro uma liderança que me empolgue. E aí, dizem os “politizados”: “Não, mas você tem que votar. É seu dever de cidadã. O voto nulo favorece Fulano ou Cicrano”.

Como ser pensante, recuso-me a adotar o chamado “voto útil”. Minha consciência se recusa a apertar a tecla do “menos ruim”. Não é assim que se vota, para mim. Se eu votar num candidato no qual não tenho uma boa dose de confiança, eu estou ajudando a colocar no poder alguém que não merece estar ali. E me torno corresponsável pelos atos dele no poder. Esta é a lei espiritual.

[Quando falo “espiritual”, por favor, não quero ser mal interpretada. Não estou tratando de religiosidades. Eu sequer pertenço a uma religião. Falo em espiritualidade no sentido amplo. Uma espiritualidade que tudo engloba. Somos seres espirituais, por mais que nossa era materialista tente nos afastar desta verdade. E espiritualidade nada tem a ver com crenças ou seitas ou religiões. Espiritualidade, na minha opinião, é, antes de tudo, uma busca do autoconhecimento. Essa busca transcende as religiões. Haveria algo mais importante a fazer neste plano terreno a não ser buscar o conhecimento de si mesmo? Esta é a meta, o resto são ilusões, nas quais embarcamos, às vezes.]

Voltando ao tema: estamos tão cegos que não conseguimos enxergar a decadência do nosso sistema político? Por quanto tempo mais esse sistema se sustentará? A decadência do sistema político é a decadência da sociedade. A profissão de político deveria ser um apostolado. Roubos, mentiras, corrupção são distorções criminosas que deveriam passar longe da mente do político. No entanto, chegamos a uma degradação tal que fica difícil enxergar alguém, no meio desse horrível pântano que é o sistema político nacional, que seja realmente sério, honesto, probo.

“O que está fora é um reflexo do que está dentro”, diz uma das leis espirituais universais. A sombra da humanidade a perseguirá até que ela pare e olhe para ela. Não adianta fugir. Esta sombra vem aumentando porque não queremos olhar para ela. Insistimos num modelo de civilização que faliu, mas que luta para não perder o trono.

Enquanto cada um não decidir olhar para sua própria sombra, esse desfile externo de horrores, não somente na política, mas em todos os segmentos da nossa vida, continuará.

Mas o que é olhar para a própria sombra? O que é a sombra?

A sombra é a soma de tudo quanto reprimimos em nós. Tudo quanto reprimimos de sentimentos, raivas, medos... Lembra quando você era criança e sua mãe dizia: “Não faça isto! É feio ficar com raiva assim!” E aí você engoliu a raiva e fingiu ser bem comportado(a)? Sim, é claro que você precisava ser educado. Nada contra isto. Porém, nossa educação é falha. Ao mesmo tempo em que é reprimida, a criança deveria receber ferramentas para trabalhar e compreender aquele sentimento que foi reprimido. Como isto não acontece, guardamos bem guardadinho dentro de nós um verdadeiro baú tamanho-família repleto de negatividades. Este “baú” nos segue aonde formos. Segundo Jung, ele é a nossa sombra. Nem dormindo escapamos dela, incansável presença à espreita, a nos aparecer como um pesadelo ou um sonho esquisito. Uma sombra que precisa ser vista, mais cedo ou mais tarde.

As nossas sombras reunidas estão nos assombrando, por isto a nossa civilização está em decadência. Ela está nos engolindo. Porém, acredito no despertar. Nunca deixarei de acreditar no despertar da humanidade. A maneira mais eficaz de trabalhar a própria sombra é olhar para ela. O ato de olhar leva luz. Observe-se, olhe para si mesmo. A melhor meditação que alguém pode praticar é justamente esta: observar-se. Observe-se particularmente nos momentos de explosão, de raiva, de falta de controle, de medo. Nunca é demais lembrar que nós nos descontrolamos não por causa do outro; nós nos descontrolamos porque não estamos em equilíbrio. Nunca é o outro, nunca. Procurar se ver sem máscaras, procurar sair dessa bolha cor-de-rosa da auto-ilusão é trabalho para a vida inteira. Trabalho árduo, difícil, sofrido, mas cheio de compensações. Cada descoberta de cada faceta de si mesmo é uma alegria sem tamanho. É uma carga que cai do baú. E cada carga que cai nos torna mais leves na nossa caminhada.

Destaco:

“Se você não pode enxergar a própria sombra, precisa procura-la. A sombra se esconde na vergonha, nos becos escuros, nas passagens secretas e nos sótãos fantasmagóricos de sua consciência. Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo. Há uma dura verdade a confrontar. (Você nunca tentou dizer uma ingênua verdade a alguém, que estrilou respondendo ‘Não venha me analisar’, ou algo parecido? O reino inconsciente parece tão perigoso quanto as profundezas do oceano; ambos são escuros e repletos de monstros invisíveis.)”

“Estamos todos vivendo com os destroços de ideias fracassadas que um dia pareceram soluções perfeitas. Cada solução combina com o quadro daquilo que constitui o lado sombrio.”

(O Efeito Sombra, Deepak Chopra)

Esses destroços estão caindo em nossas cabeças como uma chuva de bumerangues. Sim, bumerangues. Nós somos os responsáveis por jogar para o alto as nossas falhas. Sem compreender, em nossa pouca consciência, que elas voltam. Voltam para nós ainda mais fortes. Todo o conteúdo negativo que tentamos esconder em nós jamais se desgrudará do nosso ser enquanto não for visto, assumido, trabalhado. Assim é em tudo. Assim é na política que vemos ser praticada. 

Acendamos nossa luz, a vida clama, o tempo urge. O interruptor está do lado. Em cima dele, está escrito: "Coragem!". E a sombra está ali, como na ilustração. Ela é a flor que precisa ser colhida para que possamos ser plenos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Que Brote a Luz da Mudança

«Na dormência das águas de um pântano estagnado, na placidez torpe de um manto de água escura, uma flor brotou à superfície e abriu-se à luz do sol. Na beleza das suas pétalas delicadas, a luz encontrou um meio de penetrar dentro desse pântano, alimentando as sementes que neste se encontravam adormecidas. Tempos depois, na força dessa nova Luz que chegava ao mais profundo recanto desse imenso pântano, milhares de flores começaram a brotar à superfície, canalizando, através das suas raízes profundas, torrentes de luz e com esse gesto de Amor, ajudando no despertar de todas as outras.»

Na verdade algo de profundo está acontecer no planeta, não apenas na contraparte física do espaço onde nos encontramos encarnados, mas também na dimensão interna de nós próprios que, unificados a um mesmo princípio-humanidade sentimos, numa vivência interior e muito particular, essas mesmas mudanças.

Hoje, muitas são as flores que brotam à superfície desse pântano e que, aos olhos daquelas que permanecem em estado de semente, parecem estranhas, loucas... No fundo é a repetição da Alegoria da Caverna de Platão. Não vos compete a vós, no entanto, tentar convencê-las da existência desse Sol imenso que as aguarda, mas sim canalizar para todos, na forma de Luz e Amor, essa energia que deverá ser doada incondicionalmente.

Será a qualidade do vosso Amor que, tal como adubo lançado à terra, irá permitir que essas sementes se transformem em flores e que essas flores se abram à Luz Maior que sempre esteve presente dentro delas através da VIDA: da única VIDA existente.

Que não procurem, por isso mesmo, justificações, perante os outros, para os caminhos escolhidos, para as opções que vos foram dadas viver, para a visão esclarecida e sábia de quem em si compreendeu o mistério que está por detrás da existência, mesmo que ainda não seja capaz de formalizar tal vivência em palavras. Não são as explicações teóricas, os argumentos lógicos, as estruturas mentais formalizadas em rituais tantas vezes arcaicos, que irão fazer com que esta humanidade desperte, mas sim o Amor. Por vezes, diante do cepticismo daqueles que estão à vossa volta, basta um simples sorriso. Um sorriso que, na segurança e na tranquilidade profunda de quem já se abriu a essa Luz, irá estimular nos outros esse mesmo despertar.

Estes são tempos de profundas mudanças, como sabeis. De mudanças que irão resgatar esta humanidade de uma cegueira que a condenou à mais profunda ignorância. E isso é algo que se sente no ar. É o próprio chilrear dos pássaros que vos dá notícia disso, é o som do vento no curvar das árvores que anuncia essas transformações, é o ressoar espumoso das ondas na enseada, o perfume doce e cristalino das plantas que vos embriagam com a sua PAZ Profunda.

É o próprio respirar deste planeta cansado que vos fala e vos alerta para aquilo que já está visível. O planeta já compreendeu e já aceitou essas mudanças. Apenas a humanidade da superfície do planeta continua a insistir nos mesmos caminhos, nos mesmos erros, na ilusão de quem ainda não compreendeu que esta civilização já não tem lugar num planeta que, tal como árvore no Outono, precisa despir-se das folhas secas para que na Primavera novas folhas, novas flores e novos frutos possam brotar, rejuvenescendo a própria árvore.

Mas isto é para ser vivido com tranquilidade, sem alimentar expectativas. Sem que se deixem levar nas correntes fanáticas e fundamentalistas de quem ainda não compreendeu que o processo é para acontecer primeiro dentro de vocês e só depois se estenderá ao mundo inteiro. É através do Amor daqueles que já estão prontos que este planeta poderá finalmente ser curado da doença que o atormenta.

E para isso basta um simples sorriso vindo de dentro do vosso Ser Interno para que mais uma ferida seja sarada, para que mais uma lágrima se transforme em esperança renovada, para que mais uma semente de Lótus venha à superfície e se abra, na frescura de uma flor que acabou de nascer, à LUZ MAIOR.

E à medida que as flores de lótus se abriam à LUZ mais Alta, uma outra flor aguardava pacientemente que estas despertassem, lançando sobre as águas escuras do pântano uma doce fragrância que as pacificou. Todas elas repararam que o perfume era exalado por uma flor que se erguia sobre as margens, dobrada em reflexos suaves que o ondular do pântano distorcia. Ficaram maravilhadas! O seu perfume transportava Inocência, Simplicidade, Candura, Harmonia e PAZ. E as flores de lótus aproximaram-se da margem, perguntando em uníssono: “Qual é o teu nome?”. E a flor da margem respondeu: “O meu nome é LIS”.

(Texto chegou sem autor) 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Samsara, o Círculo da Vida

"Talvez o horror seja apenas, no mais fundo do seu ser, algo que precisa do nosso amor."
(Rainer Maria Rilke)

"Amar o inimigo dentro de nós mesmos não elimina o inimigo lá fora, mas pode mudar o nosso relacionamento com ele. Quando o mal deixa de ser demonizado, somos forçados a lidar com ele em termos humanos. Essa é, a um só tempo, uma tarefa espiritual potencialmente dolorosa e uma oportunidade para a paz espiritual. Esse é sempre o caminho da humildade." (Stephen Diamond)

Samsara, o círculo da vida! Vocábulo curto do sânscrito, cujo significado é bem mais amplo do que as traduções podem oferecer: mundo da impermanência, fluindo sem parar, onde ocorrem nascimentos e mortes... círculo de reencarnações; o transitório... fluxo do tempo e espaço, de nome e forma... mar da vida... o universo, aquilo que incessantemente se transforma...

Dentro de samsara, as formas não param de se transformar, o mundo parece caótico, civilizações aparecem e desaparecem como ondas, nada parece estável. O que permanece no meio desse às vezes incompreensível turbilhão externo? A Consciência.

A Consciência é a âncora cuja essência só alcançamos se mergulharmos nas profundezas do Ser, além do mundo das formas.

A Consciência só é sentida quando perdemos o medo da sombra de nós mesmos. Quando conseguimos olhar para algo que nos desagrada profundamente e nos dá repulsa e, mesmo assim, sabemos que aquilo não está somente "no outro", mas dentro de nós também. É quando sentimos isto que começamos a desenvolver a autêntica compaixão.

O texto a seguir foi retirado do Facebook. Para ler e refletir:

O círculo da vida

Em todo o mundo, nos noticiários todos os dias, as pessoas estão matando pessoas. Pessoas de um "lado" matam pessoas do outro 'lado'. Cada "lado" alega que está certo. Cada "lado" agarra-se à dor antiga, cada "lado" reluta em ser o primeiro a soltar, reunindo todos os motivos do mundo por que ele não pode e não vai soltar. Um conto trágico, tão antigo quanto a própria humanidade.

Quando é que vamos acordar para o fato óbvio de que todos nós somos a mesma Consciência disfarçada? Não importa quem nós pensamos que somos, não importa a nossa aparência, além de nossas histórias e estórias, nossas religiões, nossas nacionalidades, as nossas crenças, a cor de nossa pele, nossos passados pesados e futuros incertos, todos nós somos expressões da Vida Única! Na verdade, não há israelenses ou palestinos, judeus ou cristãos, muçulmanos ou budistas, ateus ou agnósticos, republicanos ou democratas, gurus e discípulos, pois essas imagens nunca poderão nos definir. Aquilo que realmente somos, no nível mais fundamental, é em si mesmo indefinível, misterioso, não é um conceito fixo ou algo que possa ser separado, que possa ser identificado com uma única imagem, assim como o vasto oceano nunca pode ser definido por suas ondas.
Consciência não tem religião e nacionalidade. Ela dá à luz a palestinos e israelenses, iraquianos e americanos, a luz e a escuridão, o yin e o yang do mundo de sonho em constante mutação.

Como a própria consciência, quando nos machucamos uns aos outros, estamos apenas prejudicando os nossos próprios irmãos e irmãs, a nossa própria família, que são ondas de nós mesmos. Estamos apenas lutando contra reflexos de nossa Face original. Estamos somente matando aqueles que amamos, amigos antigos de há muito tempo.

A guerra exterior nunca leva à paz interior. Quanto mais sangue derramaremos? Quanto mais dor? Quantos mais homens, mulheres e crianças devem desaparecer no infinito, antes de acordarmos?

Aquela criança sangrando é a minha própria criança. O círculo da vida não tem nenhum "lado".

(Jeff Foster - trecho de "Falling In Love With Where You Are", traduzido por Maria Helena Ferraz) 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Precisamos de Olhos que Vejam

"O alcance do que pensamos e fazemos
é limitado pelo que deixamos de notar.
E por deixarmos de notar que deixamos de notar
pouco podemos fazer para mudar,
até que notemos
como o deixar de notar
forma nossos pensamentos e ações."

(R.D. Laing)

O quanto deixamos de ver no nosso cotidiano? Eis um escrito que nos leva a refletir.

A complicada arte de ver

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!

Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.

De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.

Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.

Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.

“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.

Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.

Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.

Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.

Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.

Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…

(Rubem Alves – educador e escritor)