quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Eu já escuto teus sinais


"Tu vens, tu vens...
Eu já escuto os teus sinais!"

(Alceu Valença)


Nestes estranhos tempos de pandemia, não tem sido fácil manter o equilíbrio, alimentando a mente com pensamentos e sentimentos positivos. Para o buscador espiritual, é um exercício constante, pois vez por outra desanimamos ao ver tanta desarmonia no mundo, tanto egoísmo, tanto distanciamento (o distanciamento social seria mais fácil de digerir se não houvesse distanciamento dos nossos corações).

Ocorre que hoje fui brindada com uma atitude que, mais do que nunca, me fez acreditar num futuro luminoso para a humanidade.

Dirigi-me logo cedo ao supermercado, a fim de comprar as últimas coisas para a ceia da noite. Saí apressada e terminei esquecendo a máscara. Só percebi quando cheguei no estabelecimento. Como lá vendem máscaras (justamente para os esquecidos, como eu), fui até o primeiro caixa e solicitei uma. Para tristeza minha, porém, a funcionária respondeu que estavam sem máscaras para vender e que por isso, infelizmente, eu não poderia entrar. 

Ela estava passando as compras de um senhor que, ao ver a situação, imediatamente disse: "Pode deixar. Eu tenho uma máscara nova no carro. Vou buscar." Muito surpresa, eu respondi que não queria incomodá-lo com isto (afinal, nem nos conhecíamos). Mas ele insistiu e foi até o carro, que nem estava tão pertinho - era o último do estacionamento lateral. Quando voltou, entregou-me uma máscara nova... de tecido! Eu pensava que ele iria me dar uma máscara descartável, bem mais barata. Diante disto, mais surpresa ainda fiquei com o gesto dele. E, naturalmente me ofereci para pagar, no que ele recusou-se inteiramente a receber.

Foi uma gentileza enorme, da parte dele, bem inesperada. E para ser honesta - embora eu não seja mesquinha nem tenha muito apego a coisas materiais, ainda mais em se tratando de uma máscara, não sei se eu teria tido essa disponibilidade dele, caso a situação fosse inversa. Principalmente sabendo que, tendo farmácias por perto, a pessoa poderia ir lá comprar e voltar para as compras.

A atitude daquele homem neste último dia do ano, entrou em mim como uma brisa positiva, pressagiando um novo tempo, afagando minha alma e - sobretudo - ensinando-me a ser mais generosa do que sou. Ele agiu com empatia. A empatia levou-o a se colocar no meu lugar. A empatia que precisamos desenvolver para sermos dignos da nossa humanidade.

Como o mundo será maravilhoso quando a maioria de nós agir assim! (Eu estou me expressando positivamente: "será" e não, “seria”). SERÁ.

Além de agradecer à generosidade do homem, com meu coração pleno de bons sentimentos, agradeci internamente ao Divino pela tão bela lição com que Ele me brindou no último dia de um ano tão difícil. Tomei como um sinal positivo e alvissareiro do universo, incentivando-me a acreditar na nova era que está chegando; no novo homem que está acordando. 

Assim, minha mensagem de final de ano é: acreditemos todos que iremos “virar a mesa”. Aproveitemos a grande lição que a pandemia nos trouxe, impulsionando-nos a ser mais solidários, mais gentis, mais unidos. Somos todos um e precisamos agir com unidade e não separatividade. É assim, com essas pequenas mas significativas atitudes, que transformaremos o mundo num lugar mais justo, harmonioso, de paz!

Que 2021 nos traga o despertar da consciência una!

Um comentário:

trabalhos disse...

Querida amiga, recebemos o que semeamos. Para mim é natural que uma pessoa tão cheia de bondade e generosidade como você passar por esse tipo de situação. A generosidade não precisa ser idêntica nem a bondade. Fazemos aquilo que podemos dentro de nosso universo interno. E, sim, estamos nos aproximando de um grande momento de cura, muito mais importante que o SARS-2.

Beijo grande e feliz ano novo!
Ioná