Mahabharata |
O espiritualista deve ser contra a violência. Este é um
ponto. Outro ponto: todo indivíduo, espiritualista ou não, tem o sagrado
direito à legítima defesa. Que fique bem claro: legítima defesa é uma coisa;
violência gratuita é outra. Tenhamos discernimento e vejamos o que dizem algumas correntes espiritualistas.
Budismo e Ahimsa
O Budismo prega a chamada ahimsa (princípio da não
violência). Gostaria de compartilhar alguns conceitos relativos à posição do
Budismo sobre armas de fogo e direito de defesa, para nossa reflexão:
"Atacar com violência um malfeitor que lhe causa
problemas ou está lhe atacando não porta o sentido de ‘malícia’, de ‘desejo de
causar dano’, ‘desejo de causar mal’, mas, pura e simplesmente, de se
preservar, preservar a terceiros ou preservar um bem que está sendo usurpado ou
atacado. Em outras palavras, você pode dar um tiro em um assaltante ou em um
estuprador e não ter ferido o princípio de ahimsa. Se eu mato um agressor, não
o faço por ‘malícia’ ou pelo prazer de matar, mas sim por um estado de sobeja
necessidade. Se meu país é invadido e minha casa é atacada, tenho o direito de
me defender. Isso não é contra o princípio de ahimsa."
“Há um conceito equivocado entre as pessoas de que o
Budismo seria “pacifista”, no pior sentido da palavra, ou seja, que advogaria a
capitulação irrestrita diante do inimigo, sem oferecer qualquer
resistência. Tal postura não é verdadeira e se deve ao desconhecimento da
Doutrina Budista (Dharma) por parte dos representantes de instituições e
templos que, sendo eles mesmos partidários de ideologias políticas totalitárias
de esquerda - ideologias estas que pregam o desarmamento da população para um
domínio total, confortável e sem resistência por parte do governo -,
afirmam ser isso a ‘posição budista’, ou seja, misturam suas ideologias
políticas com o Budismo e confundem a cabeça das pessoas que buscam por
esclarecimento.” (André Otávio Assis Muniz, Arcebispo Presidente da Organização
Religiosa Budista Tendai Hokke Ichijô Ryu do Brasil)
[Dharma: do sânscrito. Não há uma tradução exata. Significa aquilo que sustenta a verdade; a lei universal da verdade; conduta correta.]
Buda ensina que é deplorável toda guerra entre os homens; porém
não condena os que guerreiam por uma causa justa, depois de haver esgotado
todos os meios de conservar a paz. Dizem as escrituras sagradas do Budismo:
“O Buda ensina que o culpado merece castigo, e o
digno de favor deve ser favorecido. Porém também ensina que não se deve fazer
sofrer nenhum ser vivente, mas ter o coração cheio de compaixão e amor. Estes dois
ensinamentos não são contraditórios, porque quem recebe castigo por seus crimes
não sofre por maldade do juiz e sim em consequência de sua culpa. Suas más
ações lhe acarretaram o mal que lhe inflige o executor da lei.”
“Aquele que luta pelo interesse egoísta de celebridade,
grandeza, poderio ou riqueza, não receberá recompensa; porém, o que
combate pela justiça e a verdade, receberá o galardão, porque será vitorioso,
mesmo que sofra alguma derrota transitória antes do triunfo final.”
Assim se expressa André Otávio Assis Muniz, Arcebispo
Presidente da Organização Budista Tendai Hokke Ichijô Ryu do Brasil (bacharel
em Direito, atirador esportivo, membro da SASDE – Exército Brasileiro:
“Nós, atiradores e partidários do direito de legítima
defesa, temos o amparo de todas as grandes tradições religiosas. E eles, os que
querem a população desarmada e vitimizada, têm o apoio da mentira, da
ignorância, da hipocrisia e do descaso pela vida."
Hinduísmo
Hinduísmo
Rama, guerreiro defensor das virtudes |
A Índia Antiga, cuja tradição espiritual é incontestável,
sendo conhecida inclusive como “o berço das religiões”, era, segundo os
registros históricos, uma sociedade governada por guerreiros. Lembremos os
clássicos espirituais, como o Ramayana, o Mahabharata etc. Estes épicos
retratam os deuses em posição de luta, portando armas. Os ingênuos, então,
perguntam onde fica a propalada ahimsa (não violência)?
Tomemos como exemplo a Batalha de Kurukshetra, descrita
na Bhagavad Gita. O guerreiro, Arjuna, é aconselhado por ninguém menos do que o
próprio Krishna (Avatar conhecido pelo poder do seu amor pelas pessoas e pelos
animais). A guerra era contra os próprios parentes de Arjuna, cujo
comportamento alheio ao padrão ético estava pondo em risco o equilíbrio da sociedade.
Prestes a dar início à luta, Arjuna hesita ante o pensamento de que vai
guerrear contra alguém do próprio sangue. É então que Krishna aparece, para
encorajá-lo:
“Considerando seu dever específico de kshatriya
(guerreiro), você deve saber que não há melhor ocupação para você do que lutar
conforme determina seu dharma; e assim não há necessidade de hesitação. (...)Se,
contudo, você não executar seu dever e não lutar, então certamente incorrerá em
falta por negligenciar seus deveres e perderá sua reputação.” (Bhagavad
Gita, Capítulo 2, versos 31, 32 e 33)
Cristianismo
Cristianismo
Vamos ao Cristianismo. Jesus disse : "Não julgueis que vim
trazer paz a Terra; não vim trazer-lhe paz, mas espada; porque vim separar o
homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e os
inimigos do homem serão os seus mesmos domésticos.” (Mateus, X: 34-36).
Entretanto, Jesus era contra a violência! Sim, mas
precisamos entender dentro de nós uma verdade: os valores do espírito precisam
ser defendidos, porque eles são a base da própria vida! Perante o espírito, não
há pai, mãe, filho, sogra... são seres, apenas seres. O erro, o obscurantismo,
a ausência de luz deve ser combatida, sim. Não importa se do outro lado está
sua própria família. Estamos aqui falando da eterna luta entre trevas e luz.
Nem Jesus nem ninguém está pregando aqui o assassinato da família. O que se
prega é: “mantenha-se fiel aos princípios do espírito, ainda que precise
discordar dos seus entes queridos!”
Representação de Jesus, expulsando os vendedores com um chicote |
Jesus era um pacifista, sim, mas de que forma ele
expulsou os vendilhões do templo? Com afagos ou energicamente? Energicamente, é
claro.
Como espiritualista que sou, sonho com um mundo sem
guerras, quando enfim compreenderemos que somos todos um, e que o mal que
pratico contra o próximo é contra a mim mesmo que estou ferindo. Isto não fere
meu direito de proteger-me e proteger meus entes queridos.
Quem reagiria com gestos doces, vendo um marginal prestes a
praticar um ato de violência contra um filho, um irmão, uma mãe, ou contra si
mesmo?
“As armas devem ser usadas em última instância, onde e quando os outros meios não bastem”, disse Maquiavel. Concordo. Entretanto, tudo é relativo. Tudo depende da situação. Um marginal que se aproxima enfurecido de você vai esperar para ouvir seus argumentos pacifistas? Dificilmente.
“As armas devem ser usadas em última instância, onde e quando os outros meios não bastem”, disse Maquiavel. Concordo. Entretanto, tudo é relativo. Tudo depende da situação. Um marginal que se aproxima enfurecido de você vai esperar para ouvir seus argumentos pacifistas? Dificilmente.
A Constituição Pastoral Gaudium et Spes afirma categoricamente:
"Em um mundo marcado pelo mal e pelo pecado, existe o direito à legítima defesa por meio das armas.”
“Esse direito pode tornar-se um dever grave para quem é responsável pela vida dos outros, pelo bem comum da família ou da comunidade civil.”
Artes Marciais
Uma vez um mestre de karatê me disse algo que me fez refletir. Estava ele fazendo a demonstração de um golpe fatal. Fiquei horrorizada com o poder de violência que o corpo humano pode ter. Ante meu horror, ele disse o óbvio, ou seja, ante um ataque de um ser disposto a tirar a sua vida, você tem, sim, todo o direito de usar tudo o que você sabe para desativar o inimigo, inclusive aplicando-lhe um golpe mortal.
Por outro lado, há um código ético a reger as práticas marciais. Um comprometimento a jamais usá-las de maneira fútil e sim, em legítima defesa.
Política e Desarmamento
Uma vez um mestre de karatê me disse algo que me fez refletir. Estava ele fazendo a demonstração de um golpe fatal. Fiquei horrorizada com o poder de violência que o corpo humano pode ter. Ante meu horror, ele disse o óbvio, ou seja, ante um ataque de um ser disposto a tirar a sua vida, você tem, sim, todo o direito de usar tudo o que você sabe para desativar o inimigo, inclusive aplicando-lhe um golpe mortal.
Por outro lado, há um código ético a reger as práticas marciais. Um comprometimento a jamais usá-las de maneira fútil e sim, em legítima defesa.
Política e Desarmamento
A estratégia política de desarmar a população, enquanto
os marginais continuam armados até os dentes, é infame. Como se o Estado fosse
capaz de nos dar uma proteção eficiente!
Além disso, as estatísticas provam que o desarmamento da população, por si, não é capaz de reduzir a violência. Entretanto, sou a favor da posse responsável da arma, principalmente armas de fogo. Antecedentes criminais, exames psicotécnicos, treinamentos fazem-se necessários antes de conceder a posse de um revólver a alguém.
Muitos talvez não saibam que a primeira medida adotada
pelas ditaduras antes de serem implantadas é justamente o desarmamento da
população. O objetivo é tirar do cidadão comum o direito de reação. Isto
ocorreu, por exemplo, nos seguintes países:
Turquia, 1911: resultando em mais de 1,5 milhões de armênios
caçados e exterminados.
União Soviética, 1929: cerca de 20 milhões de dissidentes
exterminados pelo governo comunista.
China, 1935: 20 milhões de dissidentes políticos caçados
e exterminados pelo governo comunista.
Alemanha, 1938: com a população desarmada, um ano antes
da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a consequência foi o extermínio de cerca
de 13 milhões de judeus e outros “não arianos”, impossibilitados de se defender
do governo nazista.
Camboja, 1956: 1 milhão de pessoas assassinadas pelo
governo comunista.
Guatemala, 1964: massacre de mais de 100 mil índios Maias
desarmados.
Uganda, 1970: cerca de 300 mil cristãos foram aniquilados
pelo governo.
Defensores do direito ao porte de armas: George Washington, James Madison, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln…
Contrários ao porte de armas: Adolf Hitler, Stalin, Mao Tse-Tung, Kim Jong-II, Hugo Chaves, Lula.
Além disso, as estatísticas provam que o desarmamento da população, por si, não é capaz de reduzir a violência. Entretanto, sou a favor da posse responsável da arma, principalmente armas de fogo. Antecedentes criminais, exames psicotécnicos, treinamentos fazem-se necessários antes de conceder a posse de um revólver a alguém.
Relembremos, para encerrar, Benjamin Franklin:
“Quando todas as armas forem de propriedade do governo,
este decidirá de quem são as outras propriedades.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário