quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Perigo Real


"O perigo real
é por qualquer motivo
deixar de amar."
(Kwothinye)

Quando compreenderemos, como humanidade, que não há nenhum outro perigo real a não ser este? Quando tiraremos de vez a venda dos nossos olhos e a couraça dos nossos corações? Quando perceberemos o tamanho descomunal do abismo onde estamos nos precipitando por deixarmos de amar? 

Recebi a história a seguir, cujo resumo é o seguinte:

"O que era para ser unicamente uma atitude pessoal ganhou o mundo graças a uma turista do Arizona que registrou com a câmera de seu celular e postou no Facebook a imagem de um policial agindo com humanidade.

Estranho mundo esse nosso... O que deveria ser corriqueiro causou espanto e admiração... Foram mais de 400.000 compartilhamentos.

Tudo começou quando Larry De Primo, um policial de Nova York, de 25 anos, fazia sua ronda normal pela Sétima Avenida, na altura da Rua 44...

De Primo, observou, sentado numa calçada, um morador de rua que tremia de frio... Sem ter com que se cobrir e descalço, o homem tentava se aquecer mantendo-se encolhido em silêncio. Diante da cena, o jovem policial se aproximou, olhou, deu meia volta, entrou uma loja, e com o dinheiro que carregava em seu bolso, comprou um par de meias térmicas e uma bota de inverno – gastou 75 dólares.

De volta à presença do morador de rua, De Primo entregou ao mendigo as meias e as botas. O homem deu um sorriso de orelha a orelha e disse: 'Eu nunca tive um par de sapatos em toda a minha vida'.

O gesto, no entanto, não se concluiu na entrega do presente... Percebendo que o morador de rua tinha dificuldade em se mover, o policial se agachou, colocou-lhe as meias e as botas, amarrou os cadarços e perguntou: 'Ficou bom?' 
A resposta foram dois olhos felizes, lagrimejados e um novo sorriso.

A cena foi acompanhada e fotografada por uma pessoa que, ao chegar em casa, postou a foto em sua página na internet e escreveu um texto ao Departamento de Polícia de Nova Iorque, relatando o ocorrido. Terminou o texto assim:  'Pena, me faltou coragem para me aproximar, estender-lhe a mão e dizer obrigado por me fazer crer que a policia que sonho é possível. Bem, digam a ele isso por mim. Jennifer Foster'.

Em poucas horas, o texto e a foto de Jennifer pipocaram por todo o território americano e por boa parte do mundo. Larry De Primo foi chamado por seus superiores, ouviu um elogio, recebeu abraços de seus companheiros e quando seu chefe lhe disse que o departamento iria ressarci-lo pelo dinheiro gasto do seu próprio bolso, Larry recusou e disse: 'Não senhor, obrigado. Com meu dinheiro, faço coisas nas quais acredito'.

Esta é uma história de amor e solidariedade humana. Uma história que não deveria causar tanto alvoroço ou admiração, se vivêssemos mais próximos uns dos outros. Perfeitamente normal que um ser humano ajude outro ser humano. Mas nos admiramos e nos maravilhamos, porque atitudes como esta são - ainda - raridades entre nós. Temos medo de sair da nossa egóica casca dura, que nos trouxe até esta fantástica e tecnológica civilização, a nos afogar com seu conforto e suas maravilhas. Temos medo de olhar para trás - e para dentro - e constatar quão robótico se tornou nosso coração.

Diz o conto que, nos tempos idos, o aspirante perguntou ao velho mestre, ao vê-lo carregando água, balde por balde, da cacimba até o mosteiro: "Por que você não usa uma roda d'água?" E o mestre respondeu: "Quanto mais utilizarmos as máquinas, menos humanos seremos."

O conto é antigo e o cuidado do monge exagerado. Mas não é preciso uma análise muito acurada para perceber aonde nossa tecnologia está nos levando. Queremos conforto, não importa a que custo. Nosso planeta se deteriora, os recursos se vão, as matas diminuem a cada ano, a poluição atinge terra, mar e ar, mas continuamos. Não temos amor pela natureza, pelo próximo, por nós mesmos. Tratamos os animais como seres "inferiores", ao invés de olharmos para eles como irmãos e tentarmos aprender com eles tantas lições! 

É preciso acordar desse processo autodestrutivo e ter coragem de fazer a si mesmo a infalível pergunta: por qual motivo deixei de amar? E sejam quais forem os motivos, serão todos pequenos diante da grandiosidade do Amor. Ao assimilarmos isto profundamente, estaremos reconectados à nossa Fonte. E, juntos, fraternalmente, de mãos dadas, livres de preconceitos de raças, crenças, territórios e religiões, começaremos a erguer a Nova Terra. 

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