terça-feira, 29 de julho de 2014

Samsara, o Círculo da Vida

"Talvez o horror seja apenas, no mais fundo do seu ser, algo que precisa do nosso amor."
(Rainer Maria Rilke)

"Amar o inimigo dentro de nós mesmos não elimina o inimigo lá fora, mas pode mudar o nosso relacionamento com ele. Quando o mal deixa de ser demonizado, somos forçados a lidar com ele em termos humanos. Essa é, a um só tempo, uma tarefa espiritual potencialmente dolorosa e uma oportunidade para a paz espiritual. Esse é sempre o caminho da humildade." (Stephen Diamond)

Samsara, o círculo da vida! Vocábulo curto do sânscrito, cujo significado é bem mais amplo do que as traduções podem oferecer: mundo da impermanência, fluindo sem parar, onde ocorrem nascimentos e mortes... círculo de reencarnações; o transitório... fluxo do tempo e espaço, de nome e forma... mar da vida... o universo, aquilo que incessantemente se transforma...

Dentro de samsara, as formas não param de se transformar, o mundo parece caótico, civilizações aparecem e desaparecem como ondas, nada parece estável. O que permanece no meio desse às vezes incompreensível turbilhão externo? A Consciência.

A Consciência é a âncora cuja essência só alcançamos se mergulharmos nas profundezas do Ser, além do mundo das formas.

A Consciência só é sentida quando perdemos o medo da sombra de nós mesmos. Quando conseguimos olhar para algo que nos desagrada profundamente e nos dá repulsa e, mesmo assim, sabemos que aquilo não está somente "no outro", mas dentro de nós também. É quando sentimos isto que começamos a desenvolver a autêntica compaixão.

O texto a seguir foi retirado do Facebook. Para ler e refletir:

O círculo da vida

Em todo o mundo, nos noticiários todos os dias, as pessoas estão matando pessoas. Pessoas de um "lado" matam pessoas do outro 'lado'. Cada "lado" alega que está certo. Cada "lado" agarra-se à dor antiga, cada "lado" reluta em ser o primeiro a soltar, reunindo todos os motivos do mundo por que ele não pode e não vai soltar. Um conto trágico, tão antigo quanto a própria humanidade.

Quando é que vamos acordar para o fato óbvio de que todos nós somos a mesma Consciência disfarçada? Não importa quem nós pensamos que somos, não importa a nossa aparência, além de nossas histórias e estórias, nossas religiões, nossas nacionalidades, as nossas crenças, a cor de nossa pele, nossos passados pesados e futuros incertos, todos nós somos expressões da Vida Única! Na verdade, não há israelenses ou palestinos, judeus ou cristãos, muçulmanos ou budistas, ateus ou agnósticos, republicanos ou democratas, gurus e discípulos, pois essas imagens nunca poderão nos definir. Aquilo que realmente somos, no nível mais fundamental, é em si mesmo indefinível, misterioso, não é um conceito fixo ou algo que possa ser separado, que possa ser identificado com uma única imagem, assim como o vasto oceano nunca pode ser definido por suas ondas.
Consciência não tem religião e nacionalidade. Ela dá à luz a palestinos e israelenses, iraquianos e americanos, a luz e a escuridão, o yin e o yang do mundo de sonho em constante mutação.

Como a própria consciência, quando nos machucamos uns aos outros, estamos apenas prejudicando os nossos próprios irmãos e irmãs, a nossa própria família, que são ondas de nós mesmos. Estamos apenas lutando contra reflexos de nossa Face original. Estamos somente matando aqueles que amamos, amigos antigos de há muito tempo.

A guerra exterior nunca leva à paz interior. Quanto mais sangue derramaremos? Quanto mais dor? Quantos mais homens, mulheres e crianças devem desaparecer no infinito, antes de acordarmos?

Aquela criança sangrando é a minha própria criança. O círculo da vida não tem nenhum "lado".

(Jeff Foster - trecho de "Falling In Love With Where You Are", traduzido por Maria Helena Ferraz)