Mudar o ritmo


Não sei até que ponto você sente que estamos vivendo a bordo de um avião supersônico. Quebramos a barreira do som. Estamos num superjato. Vivendo aceleradamente. Tudo hoje tem de ser rápido, até a comida, que virou fast food.

E o que estamos conseguindo com essa rapidez? Uma péssima qualidade de vida.

Fast food, fast death.

Quanto maior a corrida, maior o estresse. Quanto maior o estresse, maior o número de doenças, maior a insatisfação.

Deveríamos correr, sim, mas noutra direção. Correr disso aí. Correr da correria. Correr para dentro de nós mesmos, urgentemente. Ou desmoronaremos junto à massa falida em que se transformou nossa sociedade contemporânea. Massa falida que mergulha no abismo por não ter mais o que a sustente. Ou você ainda acredita que há salvação para esse modelo consumista de sociedade?

Uma sociedade que se baseia no consumismo desenfreado, nos antivalores relacionados a aparências externas, na competição, no descaso à natureza, no desprezo às leis cósmicas universais, não vive, finge que vive. Estamos todos fingindo que vivemos. Seja correndo em busca do conforto nosso de cada dia (representado pelo poder de comprar), seja correndo em busca do poder (representado pelo dinheiro, pelo status ou pela intelectualidade), estamos apenas sobrevivendo, e muito mal.

Você já percebeu a quantas anda o nível de superficialidade da nossa juventude? (Estou falando de um modo generalizado, é claro, e peço que não se sintam atingidos os valorosos seres que corajosamente trilham caminhos diferenciados). É simplesmente estarrecedor observar o comportamento de massa dos jovens! O investimento maciço da juventude é nos músculos (corpo sarado é o máximo), nas grifes, na aparência. O sexo é promíscuo, pra lá de banal, e cada vez mais precocemente praticado. Os ídolos são aqueles do Big Brother.

Você já parou para pensar no nível dos programas de TV que invadem nossa casa? Com raras exceções?

O nível da TV reflete o nível da sociedade. Os Big Brother da vida estão lá porque nós queremos ver Big Brother. O poder é nosso e somente nosso de mudar de canal ou de simplesmente desligarmos a televisão e transferirmos nossa atenção para uma leitura ou qualquer outra atividade. Mas a maioria de nós está obcecada e contaminada por esse lixo, incapaz de escapar dessa hipnose.

Enquanto não desacelerarmos, enquanto não tomarmos atitudes de coragem e dissermos NÃO ao comportamento de massa, seremos engolidos, simplesmente consumidos. Dragados pelo próprio lixo e superficialidades que elegemos como prioridades.

Pare. Reflita enquanto é tempo. Abra espaços na sua agenda, nem que sejam alguns minutos para estar dentro de você. Para sentir sua respiração. Para ler um livro inspirador. Mova o foco e dê um zoom para dentro de si mesmo.

Há um pequeno conto, tirado do livro Maktub (Paulo Coelho) que vale a pena ser divulgado:

Um explorador branco, ansioso para chegar logo ao seu destino no coração da África, pagava um salário extra para que os seus carregadores índios andassem mais rápido. Durante vários dias, os carregadores apressaram o passo. Certa tarde, porém, todos sentaram-se no chão e depositaram seus fardos, recusando-se a continuar. Por mais dinheiro que lhes fosse oferecido, os índios não se moviam. Quando, finalmente, o explorador pediu uma razão para aquele comportamento, obteve a seguinte resposta:

Andamos muito depressa, e já não sabemos mais o que estamos fazendo. Agora precisamos esperar até que nossas almas nos alcancem.

Que saibamos mudar nosso rumo e nosso ritmo para que nossas almas nos alcancem.

Namastê! Om Sai Ram! Vou indo! Zipt, zapt, zoom!