terça-feira, 26 de março de 2013

Amor e Rejeição Como Aprendizagem


"Meu coração triste, meu coração ermo,
Tornado a substância dispersa e negada
Do vento sem forma, da noite sem termo,
Do abismo e do nada!" 
(Fernando Pessoa)

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, 
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim
."
(Vinícius de Moraes)

Existe coisa mais difícil de digerir do que a rejeição? É um sentimento que desestabiliza e provoca muita dor. Ficamos meio sem norte, meio sem chão quando nos sentimos rejeitados. E muitos sucumbem nessa dor.

O texto abaixo é um dos melhores que já li sobre o tema. Uma abordagem profunda que nos mostra uma maneira nova de repensar o assunto. Confira:

"Amor e Rejeição. Esta é a dor mais profunda que o ego pode sentir. Quando isto acontece e inevitavelmente um dia acontece, o sentimento de perda é brutal. O mundo se abre a nossos pés e nada mais importa ou tem valor na vida. Todas as nossas esperanças de amar e ser amado se desvanecem. Uma profunda depressão é o resultado do sentimento de perda se isso não for contido a tempo. Os olhos perdem o brilho e o mundo torna-se cinzento.

Esse processo pode levar anos para se desfazer e isso pode destruir totalmente a vida da pessoa. Torna-se amargo e ressentido. A um passo do desespero e de atos impensados. Quantos suicídios vêem daí?

A rejeição nos atinge desta forma porque achamos que não temos nenhum valor. Não passa pela nossa cabeça que isso não é um problema nosso; é um problema do outro. Quem está rejeitando é o outro.

Quando se tem o conhecimento e o controle da nossa própria produção de neurotransmissores e hormônios este sentimento de rejeição pode ser resolvido em questão de horas ou dias no máximo. Todo sentimento tem uma base bioquímica. É uma via de mão dupla. É possível criar e descriar. Então podemos tratar a situação de forma racional.

O que devemos fazer numa situação assim?

O senso comum nos diz para rejeitar também e talvez até odiar a outra pessoa. É um contra-ataque lógico. Neste caso a lógica não funciona.

O que devemos fazer é continuar amando, emanando amor como sempre fizemos.

Não importa o que o outro faz devemos continuar amando sempre. E não é um amor impessoal. É com o mesmo amor que sentíamos. Na verdade não deve haver nenhuma interrupção deste sentimento. Independentemente do que o outro faça. O amor não deve cessar nunca. Desta forma a dor não se instala e continuaremos felizes.

Isto pode parecer utópico e impossível para quem lê apressadamente. Podem achar que isso não existe. Que é teoria e romantismo. Não é.

Isso é absolutamente real e possível. Quando se atinge um nível de fusão com o Criador isso passa a ser o normal. Aliás, não poderia ser de outra forma. Quando nos tornamos amor só podemos amar. Não há como ser diferente. É uma felicidade contínua. Amamos independente das circunstâncias. Mesmo rejeitados continuamos amando o outro.
Continuaremos tratando bem, comunicando-nos, amando como sempre, embora não possamos expressar em sua totalidade o amor que sentimos. Porque esse é um problema criado pelo outro.



Esta é a única solução que existe. A única solução que funciona. A única atitude que podemos tomar para manter a nossa felicidade.

Continuar amando sem cessar, pois o amor é tudo na vida".

(Prof. Hélio Couto - www.profheliocouto.com.br)

sexta-feira, 22 de março de 2013

Água e Consciência

Este ano, a temática escolhida pela Organização das Nações Unidas para o Dia Mundial da Água é: "Ano Internacional de Cooperação pela Água". A grande preocupação é o aumento da demanda e a crescente contaminação das fontes.
O nosso planeta, a nossa Mãe Terra espera de nós uma maior conscientização, imediatamente. Não há mais como continuarmos desperdiçando, não há mais como continuarmos poluindo, não há mais como perpetuarmos nossos hábitos nocivos. 
Você sabia que a pecuária é responsável por grande parte da poluição da água? 
Você sabia que para produzir cada quilo de carne bovina são utilizados cerca da 43 mil litros de água?
Segundo os cientistas, as populações serão obrigadas, num futuro próximo, a se tornarem vegetarianas, simplesmente porque não terá mais como continuar desmatando e contaminando o planeta para ter um bife no prato!

Vale a pena rever alguns trechos da instrutiva mensagem de Trigueirinho sobre o desequilíbrio do uso da água no nosso planeta:

"No campo do amor, que é a lei básica do universo, estamos um pouco longe de corresponder ao sentimento fraterno. É claro que a situação que vamos agora comentar não será solucionada por um ou outro indivíduo bem intencionado. A solução desse desequilíbrio dependeria de uma conscientização geral na humanidade e também do carma de certos grupos humanos. Mas os que se destinam a estimular o surgimento de uma nova humanidade na terra futura, podem ir se preparando para, em próximas vidas, buscar uma maior igualdade entre os seus irmãos da raça humana".

"Fala-se em fraternidade e no amor ao próximo, no entanto, convive-se com uma desequilibrada distribuição de bens - e o que é mais grave: de bens naturais, que ainda não temos a menor intenção de repartir!"

"Na mensagem de hoje trazemos um dado inconcebível no que diz respeito à distribuição e ao uso da água, que é uma doação da natureza aos reinos existentes no planeta. Essa dádiva da natureza, que seria para todos, é consumida de forma desproporcionada entre os seres humanos que se dizem irmãos – ou melhor – se dizem todos filhos de Deus. Veja-se que tipo de organização geográfica e social promovemos e com a qual pactuamos sem o menor peso na consciência."

"Veja: nos países considerados desenvolvidos, estima-se que o consumo de água seja de 560 litros por pessoa por dia. Esses são países lideres em comércio, economia e política. 560 litros de água é o que cada cidadão em média consome ou consumiria. Já nas regiões consideradas muito pobres, esse consumo diário é de 10 a 20 litros por pessoa. De 560 para 20 temos uma diferença que, em princípio, pode ser considerada inacreditável. Mas o desequilíbrio não termina aí. Enquanto em um país rico cada pessoa gasta 560 litros e em um país pobre apenas 20, em partes da África e regiões desérticas cada ser humano consome, segundo estatísticas oficiais, menos de 10 litros (quando não vivem em áreas quase totalmente secas)."

"... São números que causam constrangimento em pessoas mais sensíveis! Porque são o retrato típico do desequilíbrio de bens materiais na humanidade, e por que não dizer - o retrato do desperdício. Em lugares tidos como civilizados, onde as pessoas chegam a consumir tanta água - 560 litros por dia! É óbvio que temos a considerar o carma das regiões, o carma de seus habitantes, enfim. No entanto, todo ser humano que tem aberto os olhos na direção da fraternidade sente-se tocado por estas notícias."

Conscientizemo-nos todos. Tomemos uma atitude, saindo dessa aparentemente confortável posição. Experimente mudar. Você vai ver que não é tão difícil.

terça-feira, 19 de março de 2013

A Incomparável Sabedoria Indígena


“Eu estou cego e não vejo as coisas deste mundo; mas quando a Luz desce do Alto e ilumina o meu coração, então vejo, porque o olho do coração tudo vê. O coração é um santuário no centro do qual existe um pequeno espaço onde o Grande Espírito vive, e este espaço é o olho. É o Olho do Grande Espírito, com o qual Ele vê todas as coisas e através do qual nós O podemos ver. Se o coração não é puro o Grande Espírito não pode ser visto, e a alma daquele que morre nessa ignorância não pode regressar imediatamente para o Grande Espírito; ela terá de ser purificada através da vivência na terra. Para conheceres o centro do coração onde reside o Grande Espírito terás de ser bom e puro e viver da forma que o Grande Espírito nos ensinou. O homem que for assim puro contém o Universo no espaço do seu coração.” (Alce Negro, Xamã Sioux)

“Diga-me e eu vou esquecer. Mostre-me e eu posso não me lembrar. Envolva-me e eu vou entender.” (Provérbio indígena - Nativos americanos)

“Vocês têm histórias para contar e que são o que vai manter a memória de um grande povo vivo. Passem essas histórias para seus filhos. Ensine-os quem, onde e como seu povo era. Dediquem tempo para pesquisar sua descendência. Sintonizem com seus sentimentos e sejam fortes em sua busca. Tracem seus caminhos, sintam satisfação em saber que o final do arco-íris que vocês têm buscado pode ser encontrado no dedão do pé em seu mocassin, após perceber quem nós somos e o que nós temos." (Chefe John "Eagle Spirit"  - Cherokee)

"Nós índios, olhamos para esse mundo do homem branco e verificamos que essa civilização não deu certo." (Marcos Terena ; do povo Terena, do Mato Grosso do Sul)

“Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro.” (Provérbio indígena)

"Não digo: eu descobri esta terra porque meus olhos caíram sobre ela, portanto a possuo. Ela existe desde sempre, antes de mim." (Davi Yanomami ; pajé e líder do povo Yanomami)

“Somos todos visitantes deste tempo, deste lugar. Estamos só de passagem. O nosso objetivo é observar, crescer, amar... E depois voltamos para casa." (Provérbio aborígene)

"Os pensamentos são como flechas: uma vez lançadas, alcançam o seu alvo. Seja cauteloso ou poderá um dia vir a ser vítima de si próprio." (Provérbio Navajo)

"Você vai me dizer: o índio tá falando, mas é selvagem; selvagens são vocês: milhares de anos estudando e nunca aprenderam a ser civilização. Pra que você está estudando ? Pra destruir a Natureza e no fim destruir a própria vida ?" (José Luiz Xavante)

"Lembre-se de que seus filhos não são sua propriedade! Eles foram apenas confiados à sua guarda pelo Grande Espírito." (Provérbio Mohawk)

"O mundo deles é quadrado, eles moram em casas que parecem caixas, trabalham dentro de outras caixas, e para irem de uma caixa à outra, entram em caixas que andam. Eles vêem tudo separado, porque são o Povo das Caixas...." (Pajé do povo Kaingang)

“Tudo está ligado, como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas. O que acontece a Terra recai sobre os filhos da Terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida. Ele é só um fio dentro dela. Tudo o que ele fizer à teia estará fazendo a si mesmo.” (Chefe Sioux)

"As leis dos homens mudam de acordo com o seu conhecimento e compreensão. Apenas as leis do Espírito permanecem sempre as mesmas." (Provérbio Crow)

"Se falar com os animais eles falarão consigo e vocês vão-se conhecer um ao outro. Se não falar com eles, não os conhecerá, e o que não se conhece, teme-se. E aquilo que tememos, destruímos." (Chefe Dan George (Índio norte americano)

“Eu sou o vento que viaja de uma direção para outra, carregando e distribuindo as sementes da vida. Feito a neve, as minhas sementes desaparecem na terra, reaparecendo sob uma nova forma. Eu sou o grito do recém-nascido que sente a primeira dor da separação. Eu sou o grito de toda a vida que alcança o mistério da verdadeira consciência. Eu sou o eterno. Agora da criação, eu Sou o Espaço através do qual viaja o tempo. Através de mim você experimenta os dons da reflexão, esperança, sabedoria e assim você poderá conhecer a si mesmo. Conhecer-se como Criador e criatura, menor que um grão de poeira e tão grande quanto o Deus que você louva.” (Chefe Archie Fire Lame Deer)

“Vocês devem ter notado que tudo o que o índio faz movimenta-se em círculo ou tem forma de círculo. O Poder do Mundo trabalha sempre de forma circular e tudo tende a ter a perfeição do círculo. O céu é redondo e a terra também, bem como as estrelas. O vento rodopia e os pássaros constroem seus ninhos de forma circular; as leis deles são semelhantes às nossas. Até mesmos as estações seguem uma grande roda nas suas mudanças, voltando sempre ao ponto de partida. A vida do homem é um círculo: de uma infância à outra. E assim é em tudo onde o poder se movimenta.” (Alce Negro, Xamã Sioux)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Sinais de Alerta

Para onde nós dirigirmos nosso olhar, no globo terrestre, vemos sinais de alerta preocupantes. Sinais que nos mostram claramente: estamos no fim da linha. Esse caminho escolhido pela humanidade está completamente equivocado. Mudanças climáticas, degelo das calotas polares, poluição dos rios e dos mares, chuva ácida... tudo isso são fragmentos de uma realidade nada promissora. E o ser humano ainda dorme. Ainda deixa para tomar decisões amanhã. Ainda acha que não tem nada a ver com o que está aí fora...

As abelhas estão sumindo. Você sabia disso?  "As abelhas estão sumindo" é uma frase apocalíptica. Sabe por que?

"Se as abelhas desaparecessem da face da terra, a espécie humana teria somente mais quatro anos de vida. Sem abelhas não há polinização, ou seja, sem plantas, sem animais, sem homens." (Albert Einstein) 

"Mas que exagero!" - poderíamos dizer. "Como um animalzinho tão pequeno pode determinar a extinção da espécie humana?"

Poucos sabem como as abelhas são indispensáveis ao meio ambiente. Pensar que a única função das abelhas é fabricar o mel é desconhecer o grande papel de polinização prestado eficientemente por essas operárias incansáveis. Para se ter uma pequena idéia da importância das abelhas, basta dizer que elas são responsáveis pela polinização de 80% das espécies vegetais no mundo. 80%! Para o biólogo norte-americano Edward O. Wilson, o desaparecimento das abelhas pode ser considerado o "Katrina" da entomologia (referência ao furacão que matou milhares de pessoas nos EUA).

E, no entanto, elas estão simplesmente de-sa-pa-re-cen-do. Misteriosamente. Em todo o planeta. E as causas? Há muitas. Os estudos realizados até agora apontam o cultivo das monoculturas e o uso de agrotóxicos como os principais responsáveis, além de antenas de celulares e outros artefatos da nossa "moderna" civilização, sem falar do desmatamento (nos últimos anos perdemos mais de 100 milhões de hectares de floresta no mundo).

A Revista Carta Maior de fevereiro deste ano publicou uma matéria sobre o assunto, afirmando que o Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. Sinais.

Monsanto e Transgênicos

Paralelamente, outra notícia séria (eu diria catastrófica): a Monsanto, responsável pela maior parte dos alimentos transgênicos no planeta, abriu, neste mês de março, uma filial em Petrolina, estado de Pernambuco.
Quem ainda tinha dúvidas sobre o efeito nocivo dos transgênicos no organismo, não precisa ter mais: pesquisa recente realizada na França pelo professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, provou o mal que esses alimentos trazem à saúde, provocando tumores cancerígenos, alergias, problemas renais, glandulares, hepáticos etc.

Se quiser saber mais sobre esse monstro de multinacional, acesse o vídeo chamado "O Mundo Segundo a Monsanto": 


Trata-se de um excelente documentário baseado no livro com o mesmo nome, mostrando de que forma essa famigerada empresa vem patenteando sementes transgênicas e introduzindo-as em países emergentes, como o Brasil. Sinta-se o perigo: as sementes transgênicas da Monsanto são resistentes somente aos pesticidas fabricados por ela própria, como a soja, que é imune ao "Roundup", fabricado e patenteado pela Monsanto. 

Como funciona isso? Funciona assim: plantamos as sementes transgênicas; o pólen destas sementes fatalmente contamina outras culturas do entorno, que passam a produzir sementes com as mesmas características das transgênicas; daí, a Monsanto processa os produtores vizinhos, exigindo que paguem royalties por estar produzindo sementes que foram patenteadas por ela. E a conclusão é que essa multinacional vai se tornando proprietária de um sem-número de sementes.

Caso os governos continuarem prestigiando essa monstruosidade, num futuro muito breve poderemos não ter mais sementes puras no planeta. E a maior parte da nossa agricultura dependerá da Monsanto.  

O que significa isso tudo? 

Sinais. Efeitos externos de um mundo em crise. Efeitos que exigem de nós mudança. Não dá mais para cruzarmos os braços e deixarmos para amanhã o que temos de fazer hoje. Não dá mais para fazermos parte da maioria passiva, que acha que tudo cai do céu ou que apenas as autoridades são responsáveis. Externamente, estamos vivendo uma realidade mais que assustadora. Todos estes sintomas de falência da nossa civilização estão aí bem visíveis e são responsabilidade nossa. Precisamos olhar para eles e admitir que falimos. E humildemente, de mãos dadas, trabalhar juntos para refazer este mundo, noutras bases. Com foco na consciência e não no poder ou nas vantagens materiais. Com foco na unidade. Com foco no amor.

"É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve", disse Victor Hugo.

Vão-se as abelhas, prosperam os transgênicos, a natureza literalmente estertora, a humanidade fenece. Se não temos coragem de olhar para dentro de nós mesmos e reestruturar nossas bases internas, como vamos consertar o que está fora?

Os tempos urgem. Invoquemos nossa força interna para nos transformarmos agora. Peçamos luz, consciência, discernimento. Não dá mais para dormir. Os sinais são um alerta para despertarmos. Dentro de nós está o poder.  

quinta-feira, 7 de março de 2013

O Grito das Gaivotas


" Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa, 
rouba-nos a luz 
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada." 

(Maiakovski)

Precisamos acordar urgentemente. Precisamos nos conscientizar de que somos mais do que tudo isto que está aí em volta. Precisamos reconstruir a vida, reconstruindo a nós mesmos.
Recebi um vídeo ontem que me deixou engasgada, precisando falar, precisando escrever. É um vídeo feito numa ilha do Pacífico desabitada de seres humanos, a 2 mil milhas da costa, ou seja, a uma distância considerável do continente. A ilha é habitada principalmente por gaivotas, que estão morrendo às centenas, todos os dias, devido aos resíduos plásticos que engolem, pensando ser comida. Temos que ver isto. Temos que mostrar isto, para ver se saimos dessa letargia! 


Há muito a ser repensado, há muito a ser reconstruído, urgentemente. O que está fora é o reflexo do que está dentro. Isto é uma lei. Não há como dissociar a nossa realidade externa daquilo que estamos guardando dentro de nós. O horror na terra é o resultado da minha, da sua, da sombra de todos nós somada. Essa sombra, por não a encararmos de frente, torna-se cada dia mais poderosa e ampla, enegrecendo o mundo à nossa volta, incitando-nos a praticar mais e mais crimes abomináveis contra a natureza, contra os animais, contra o próximo, contra nós mesmos. Essa sombra não pode mais ser ignorada. 

"Pode parecer uma perspectiva lúgubre, porém, na verdade, o primeiro passo para lidar com a sombra é reconhecer seu poder. A natureza humana inclui um lado autodestrutivo. Quando o psicólogo suíço Carl Jung pressupôs o arquétipo da sombra, disse que ela cria uma névoa de ilusão que cerca o self. Encurralados nessa névoa, lançamo-nos à própria escuridão e, consequentemente, damos à sombra cada vez mais poder sobre nós." (Deepak Chopra, O Efeito Sombra).

Tentar ignorar a sombra pensando só na luz não resolve. Pensar que estamos na luz e não temos sombra é uma ilusão. Acreditar que a sombra é coisa dos outros e que não temos responsabilidade com o mal que vemos fora é falta de visão e autoconhecimento. Enquanto não criarmos coragem para encarar nossa sombra pessoal não estaremos ajudando a reconstruir o mundo, por mais que mentalizemos a luz. A sombra do mundo continuará devastando mundos e almas impiedosamente. O primeiro passo é aceitar. Aceito que tenho uma sombra. O simples fato de aceitá-la fornece a coragem de olhar para ela. Então, a partir daí, começa-se a despertar um poder: o Hércules interno, que pacientemente, etapa por etapa, vai destruindo os obstáculos que nos distanciam da luz. 

Em última análise, o que é a sombra? Ausência de luz. Luz é consciência. Podemos manter um cômodo da nossa casa eternamente fechado, com medo dos demônios que possam povoá-lo. Quanto mais medo tivermos, mais nos manteremos comodamente afastados do cômodo, que continuará fechado e sombrio. Mas se decidirmos entrar no cômodo, abrir as portas e janelas para que a luz penetre no seu interior, veremos as sombras se dissiparem imediatamente. Nada resiste à luz da consciência.

Estamos paralisados de medo. Não queremos ouvir o grito das gaivotas, porque o grito das gaivotas é o grito das nossas almas aprisionadas. Fingimos que estamos fazendo alguma coisa pensando só na luz. E o simples fato de ignorarmos a sombra torna-a mais e mais poderosa, mais e mais tenebrosa. Não estou querendo dizer com isto que não devemos nos  voltar para luz. É claro que precisamos pensar na luz, orar, meditar e tudo o mais que possamos fazer para atraí-la. Mas façamos isto sem fugir da nossa sombra. Paralelamente às nossas mentalizações positivas, é necessário coragem para abrirmos nossa "caixa preta" de sombras. Olhar para ela, assumir que ela é nossa é jogar a luz da consciência nessa caixa.

"O mal é bem mais profundo do que o concebem os códigos morais. Ele é 'antivida'. A vida é uma força pulsante e dinâmica; é energia e consciência que se manifestam de muitas maneiras. Não existe o mal, a menos que exista resistência à vida. Essa resistência é a manifestação daquilo a que chamamos 'mal'. O que cria o mal é a distorção da energia e da consciência." (John Pierrakos, A Anatomia do Mal).

É essa resistência que nos sufoca, prendendo nossas emoções e aniquilando nossos sentimentos. A vida deixa de fluir. 

Acordemos todos! Deixemos entrar as correntes de ar puro, as vibrações do amor em nossos corações! Somos todos um, e a sombra de um é a sombra de todos. Somos todos um, homem, terra, ar, fogo, água. As diferenças são apenas aparentes e o grito das gaivotas é o grito de todos nós.

terça-feira, 5 de março de 2013

Espiritualista ou Religioso?



Numa palestra, perguntaram ao Dalai Lama o que era espiritualidade. Ele respondeu:

"É aquilo que transforma o teu interior. A religião pode nos passar espiritualidade, mas se não nos transformar interiormente, não faz o menor sentido".

Noutra ocasião, o Dalai Lama afirmou:

"Eu às vezes digo que a religião é algo de que talvez possamos prescindir. Aquilo de que não podemos prescindir é das qualidades espirituais básicas."

Uma pessoa pode ser espiritualista e não estar, necessariamente, ligada a alguma religião.

Frei Betto diz: 

"As religiões, em princípio, deveriam ser fontes e expressões de espiritualidades. Nem sempre isso ocorre. Em geral, a religião se apresenta como um catálogo de regras, crenças e proibições, enquanto a espiritualidade é livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da autoridade religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o 'toque' divino".

"Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião nutre o ego, pois uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem."

Eu, particularmente, acredito numa espiritualidade que nos permita reverenciar e respeitar todas as religiões. Acho que a verdadeira espiritualidade está bem distante do fanatismo praticado por muitas correntes religiosas. Creio numa era de paz em que teremos todos uma única religião, a do amor; sem necessidade de dogmas, preceitos, normas; sem necessidade de templos e igrejas, pois a natureza é o maior templo e o mais sagrado deles.


“Há uma só religião, a religião do Amor; há uma só casta, a casta da humanidade; há uma só linguagem, a linguagem do coração; há um só Deus, e Ele é Onipresente”, diz Sathya Sai Baba, Sad Guru ecumênico, que incluiu na logomarca da sua organização o símbolo das grandes religiões. 

A matéria a seguir merece ser lida. Foi publicada no Diário da Saúde do dia 1º.03.2013 (www.diariodasaúde.com.br):

Espiritualistas e religiosos assumem posições políticas diferentes

Quando os campos do humano e do divino se cruzam, espiritualidade e religião são termos tão distintos quanto progressistas e conservadores.
Um novo estudo mostra que a forma de encarar o "mundo de Deus" determina como as pessoas agem em relação ao "mundo dos homens".
"Há grande sobreposição entre as crenças religiosas e as orientações políticas," explica Jordan Peterson, da Universidade de Toronto (Canadá).
"Descobrimos que as pessoas religiosas tendem a ser mais conservadoras, e as pessoas espirituais tendem a ser mais progressistas," diz ele.
"Enquanto a religiosidade é caracterizada por devoção a uma tradição específica, a um conjunto de princípios, ou código de conduta, a espiritualidade está associada com a experiência direta de autotranscendência e a sensação de que estamos todos conectados," esclarece Jacob Hirsh, principal autor do estudo.

Mentalidade inclusiva e igualitária

Para confirmar a relação entre crenças e orientações políticas, os pesquisadores fizeram com que voluntários, tanto religiosos, quanto espiritualistas, participassem de uma sessão de meditação transcendental, uma prática tipicamente espiritualista.
Após a prática, todos foram submetidos a testes para aferir suas atitudes políticas em relação a temas controversos.
"Induzir uma experiência espiritual através de um exercício orientado de meditação levou tanto progressistas quanto conservadores a apoiarem atitudes políticas mais progressistas," afirmam os autores.
"As experiências espirituais parecem fazer as pessoas se sentirem mais em uma conexão umas com as outras," analisa Hirsh.
"As fronteiras que normalmente mantemos entre nós mesmos e o mundo tendem a se dissolver durante as experiências espirituais. Estes sentimentos de autotranscendência tornam mais fácil reconhecer que todos nós fazemos parte do mesmo sistema, o que estimula uma mentalidade inclusiva e igualitária," acrescentou.

Equilíbrio necessário

Os pesquisadores esperam que essas descobertas não apenas aprofundem nossa compreensão da espiritualidade, mas também possam ajudar no diálogo político no futuro.
"A parte conservadora da crença religiosa tem desempenhado um papel importante na coesão das culturas e no estabelecimento de regras comuns. A parte espiritual, por outro lado, ajuda a renovar as culturas, adaptando-as a novas circunstâncias," analisa Peterson.
"Tanto direita quanto esquerda são necessárias. Não é que qualquer uma delas seja a correta, é que o diálogo entre elas produz a melhor probabilidade que temos de conseguir o equilíbrio adequado. Se as pessoas pudessem compreender que ambos os lados têm um papel importante a desempenhar na sociedade, seria possível eliminar um pouco da tensão desnecessária [entre os dois campos]," concluiu.