quinta-feira, 5 de julho de 2012

Inteligência e Sensibilidade

Uma amiga me enviou estas sábias reflexões de Krishnamurti sobre sensibilidade, que reproduzo aqui para aprofundarmos o tema.
O que é sensibilidade?
Às vezes escutamos algo assim: "Fulana é supersensível! Deixou de falar comigo só porque eu me esqueci do aniversário dela!" Isto não é sensibilidade - isto chama-se "ego melindrado". Ou então: "Ah, eu sou tão sensível! Sou capaz de chorar em qualquer novela!" Isto também não é sensibilidade - isto chama-se "emocional descontrolado".
Mas o que seria a verdadeira sensibilidade?
“A inteligência vem com sensibilidade e observação”, diz Krishnamurti. Já reparou como as crianças são observadoras? Como elas vêem os detalhes? Como elas ficam concentradas observando uma formiguinha? E por que perdemos isto? Simplesmente permitimos que a mecanicidade dos hábitos da vida diária nos levem, deixando-nos distraídos e insensíveis à vida ao nosso redor. Por isto é importante - ou melhor, é urgente - abrir espaços no nosso cotidiano, para chamar de volta nossa sensibilidade, pois ela está aqui, nasceu conosco, é nosso direito. Como posso abrir esse espaço? Separando alguns minutos por dia para ouvir uma música relaxante, ou para observar a natureza seria um bom começo. (Leia "A Física Quântica e a Reconstrução do Mundo" - http://quanticaevedas.blogspot.com).
 
Vejamos as palavras de J. Krishnamurti:

Sensibilidade em sua forma mais elevada é inteligência

"Sem sensibilidade para todas as coisas – para os próprios sofrimentos; para o sofrimento de um grupo de pessoas, de uma raça; para o sofrimento de tudo que existe – a menos que a pessoa sinta e tenha o sentimento altamente sensibilizado, não é possível que ela resolva qualquer problema. E nós temos muitos problemas, não só no nível físico, no nível econômico, no nível social, mas também nos níveis mais profundos do próprio ser – problemas que aparentemente não somos capazes de resolver. (...) Problemas humanos: de nossos sofrimentos, do desespero, do estreito espírito da mente, da superficialidade de nosso pensar, do constante tédio repetitivo da vida, a rotina de ir ao escritório durante quarenta ou trinta anos.”
“E os muitos problemas que existem, conscientes e inconscientes, embotam a mente e, assim, a mente perde sua extraordinária sensibilidade. E quando nós perdemos a sensibilidade, perdemos a inteligência.”

Sensibilidade de mente e coração

“Vocês têm que ter este extraordinário sentimento, esta sensibilidade a tudo – ao animal, ao gato que caminha pelo muro, à falta de asseio, à sujeira, à imundície dos seres humanos na pobreza, em desespero. Vocês têm que ser sensíveis – o que é sentir intensamente, não em uma direção particular, que não é uma emoção que vem e vai, mas que é ser sensível com seus nervos, com seus olhos, com seu corpo, seus ouvidos, com sua voz.”

“A inteligência vem com sensibilidade e observação.”

“A sensibilidade não vem com informações e conhecimentos infinitos. Vocês podem conhecer todos os livros do mundo, podem tê-los lido, tê-los devorado; vocês podem ser familiares a todo autor, podem saber todas as coisas que foram ditas, mas isso não traz inteligência. O que traz inteligência é essa sensibilidade, uma total sensibilidade de sua mente, tanto consciente quanto inconsciente, e do seu coração com suas extraordinárias capacidades de afeto, simpatia, generosidade. E com isso vem esse intenso sentimento, sentimento pela folha que cai de uma árvore com todas as suas cores mortiças e a sujeira de uma rua imunda – vocês têm que ser sensíveis a ambos; vocês não podem ser sensíveis a um e insensíveis ao outro. Vocês são sensíveis – não meramente a um ou a outro.”

Uma mente presa ao hábito é insensível

“A maioria de vocês é fisicamente insensível porque vocês comem em excesso, fumam, negligenciam em várias formas de delícias sensuais – não que vocês não devessem. Mas a mente torna-se embotada dessa forma, e quando a mente torna-se embotada, o corpo torna-se ainda mais embotado. Esse é o padrão no qual temos vivido.”

“Hábito físico gera insensibilidade; obviamente qualquer hábito como drogas, álcool, ou tabagismo faz o corpo insensível, e isso afeta a mente – a mente que é a totalidade da percepção, a mente que deve ver muito   claramente, não confusamente, e na qual não deve haver nenhum conflito, qualquer que seja.”

“O conflito não é tão somente um gasto de energia; ele também faz a mente embotada, pesada, tola. Tal mente aprisionada no hábito é insensível; a partir dessa insensibilidade, desse embotamento, ela não aceitará nenhuma coisa nova porque há medo.”

Quando nossos corações estão vazios

“A sensibilidade à beleza e à feiura não surge através do apego;ela vem com o amor, quando não há conflitos autocriados. Quando somos pobres internamente, rendemo-nos a toda forma de ostentação, de riqueza, poder e posses. Quando nossos corações estão vazios, juntamos coisas. Se podemos sustentar isso, cercamo-nos de objetos que consideramos bonitos, e porque atribuímos enorme importância a eles, somos responsáveis por muita miséria e destruição.”